São Paulo, segunda, 25 de maio de 1998

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C.A.s são contrários à repressão

da Reportagem Local

Centros acadêmicos de cursos universitários de São Paulo defendem a discussão sobre as drogas com os alunos. Mas repelem a repressão ao uso.
"Por mais difundida que a maconha esteja hoje, o assunto ainda é um tabu", afirma Renato Rodrigues, 25, presidente do Grêmio Politécnico da USP e estudante do 5º ano de engenharia elétrica.
"As vias de discussão na USP são erradas. Não adianta deixar que a PM entre no campus para coibir a prática. É preciso estimular conversas mais amplas, sobre a droga em si e sobre a origem do problema", diz.
O centro acadêmico da ECA (Escola de Comunicações e Artes da USP) também defende debates sobre a questão.
"Aqui não se proíbe nem estimula. Cada um na sua. Mas não adianta coibir. Os dois lados têm de ser ouvidos e respeitados", diz João Brant, coordenador do C.A. da ECA.
"As pessoas têm uma impressão de que nós da ECA e da área de humanas em geral somos "porra-louca'. Não é assim. Quem curte, fuma. Quem não curte, convive numa boa. Nas outras faculdades o índice é o mesmo, mas as pessoas vão se esconder atrás da árvore", afirma D.M.R, 19, estudante do 2º ano de Rádio e TV da ECA.
Apesar de perceberem a necessidade, os centros acadêmicos ouvidos pela Folha não costumam realizar eventos para estimular a discussão com os alunos.
Na PUC (Pontifícia Universidade de São Paulo), o uso da droga em suas dependências está sendo coibido por "bedéis" -fiscais que, entre outras atribuições, passeiam pelos corredores e pelo campus, abordando alunos que estejam fumando maconha.
"Somos contra esse projeto de segurança. Mas isso não quer dizer que somos a favor do uso indiscriminado. É preciso promover debates, levantar o papel que isso tem hoje", diz Carolina Nery de Freitas, 17, uma das coordenadoras do centro acadêmico da Faculdade de Ciências Sociais da PUC.
Já para o presidente do centro acadêmico de Direito da PUC, Ricardo Handro, não se pode fazer "tempestade num copo d'água".
"Os bedéis apenas conversam, pedem para apagar. Não considero isso uma repressão. É claro que muita gente fuma aqui como em qualquer outra faculdade. Mas há problemas muito mais sérios a se tratar, como a falência da educação neste país."



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