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VIOLÊNCIA
Benedito Mariano quer detalhes de 318 mortes de civis pela PM não informadas à Secretaria de Segurança
Ouvidor pede à PM informação sobre mortes
CRISPIM ALVES
da Reportagem Local
O ouvidor da Polícia do Estado
de São Paulo, Benedito Domingos
Mariano, afirmou que vai encaminhar hoje ao comando geral da
Polícia Militar um ofício solicitando informações a respeito das investigações de todos os casos de
civis mortos pela PM que não foram informados à Secretaria da
Segurança Pública desde 96.
"Quero saber sobre quais processos de apuração de todos esses
casos só a PM tinha conhecimento. Quero saber que fim levaram as
investigações e se houve indiciamentos", disse Mariano.
Anteontem, a Folha informou
que, entre 96 e abril deste ano, a
PM deixou de informar 318 casos
ao gabinete do secretário. Segundo Mariano, os dados recebidos
pela secretaria são publicados, trimestralmente, no "Diário Oficial
do Estado" (DOE), desde 96.
A publicação trimestral desse relatório no "Diário Oficial" passou a ser obrigatória com a aprovação da lei 9.155/95 pela Assembléia Legislativa.
Somados os dados publicados
nesse período, 623 civis haviam sido mortos por PMs. No entanto,
novo relatório publicado na edição do "Diário Oficial" da última
sexta-feira revelou que o número
real é maior: 941, uma diferença de
318 mortes não divulgadas.
A publicação de um novo relatório -com todos os dados relativos à violência policial- foi determinada pelo secretário interino
da Segurança, Luiz Antonio Alves
de Souza. Ele foi alertado por Mariano sobre as divergências no início do mês.
Alves de Souza reconhece que
houve uma falha. No entanto, nega que tenha sido proposital.
"Você pode chamar isso de desatenção, relaxo, incompetência,
mas não de ocultação de dados",
declarou o secretário interino.
Os dados sobre civis mortos pela
PM que a secretaria sempre publicou no DOE eram relativos apenas
aos casos de resistência seguida de
morte ocorridos quando o policial
estava em serviço. Não eram computados os mortos quando o policial estava em folga nem os casos
de homicídio -quando a Corregedoria da PM entende que não
houve resistência seguida de morte. Os 318 mortos a mais estão incluídos nessas faixas.
O comando da PM informou
que os dados não foram passados
porque, simplesmente, nunca foram solicitados pela secretaria.
O ouvidor teve acesso aos dados
após uma longa reunião com o
corregedor da PM, coronel Luiz
Carlos de Oliveira Guimarães.
Mariano afirmou que, quando
receber o relatório sobre as investigações desses casos, vai encaminhá-lo ao Ministério Público.
Segundo Alves de Souza, um novo levantamento, dessa vez relativo ao período 90-94, estará pronto
em breve. "Vai ser mais completo
ainda. O compromisso da polícia é
se mostrar transparente", disse o
secretário interino.
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