São Paulo, segunda, 25 de maio de 1998

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CRIMINALIDADE
Levantamento diz que menor praticou mais tráfico e menos furto
Tráfico é principal crime de menor no Rio

CRISTINA GRILLO
da Sucursal do Rio

O envolvimento com o tráfico de drogas é o crime mais cometido pelos menores infratores do Rio. No primeiro trimestre de 1998, 26,1% dos menores julgados na 2ª Vara da Infância e da Juventude tinham ligação com o tráfico.
Os números do primeiro trimestre de 98, que estão em um levantamento feito pela 2ª Vara, mostram aumento de 5,78 pontos percentuais em relação a 97.
Em 1997, segundo a pesquisa, a porcentagem de menores acusados de envolvimento com o tráfico foi de 20,32%.
De acordo com o juiz titular da 2ª Vara, Guaraci de Campos Vianna, há cinco anos o percentual de menores envolvidos com o tráfico era semelhante ao de menores envolvidos em roubos e furtos -como os batedores de carteira, por exemplo.
Hoje, o percentual de menores condenados por furto simples é de 4,65%.
"Houve uma diminuição desse tipo de crime por uma questão lógica. No tráfico, o menino se expõe menos e ganha muito mais. Ele não precisa enfrentar a vítima, mas comete o crime com a "aprovação' dela", explica o juiz.
A partir do tráfico, diz Vianna, o menor infrator se envolve com outros crimes. "Muitos deles, presos por tráfico, acabam falando sobre sua participação em grandes assaltos e em sequestros. E contam isso com orgulho", afirma.
Como as estatísticas preparadas pela 2ª Vara só levam em consideração o delito pelo qual o menor foi detido, não há dados sobre os crimes confessados durante os depoimentos.
Os números indicam também uma mudança no perfil dos menores infratores do Rio.
A pesquisa feita pela 2ª Vara mostra ainda que o centro da cidade é o lugar de maior incidência de delitos: 3,3% dos casos. Em segundo lugar vem Copacabana (zona sul), com 1,92% das ocorrências.
A grande maioria dos infratores é do sexo masculino (89,93%) e tem entre 15 e 17 anos (81,74%). Do total, 39,79% são analfabetos, e 49,82% são primários -ou seja, cometeram seu primeiro delito.
A internação provisória -por um determinado período- é a punição mais aplicada: 16,77% dos infratores foram encaminhados para a internação em um dos institutos mantidos pelo Estado.
Guaraci Vianna diz que tem havido uma postura mais rigorosa com relação às punições como forma de tentar impedir que os menores se envolvam em crimes mais violentos.
"Não estamos endurecendo na execução das medidas, mas sim na fiscalização de sua execução", diz.
Como exemplo, Vianna cita a fiscalização para o cumprimento da punição em regime de semiliberdade. O regime permite que o menor saia da instituição para estudar, trabalhar e para passar o final de semana com a família.
"O controle era feito por meio de um papel que eles traziam assinado. Qualquer um assinava aquilo. Um levantamento mostrou que metade dos alunos que diziam sair para a escola não estavam nem sequer matriculados", afirma.
Agora, é preciso um comprovante de matrícula. Sair aos finais de semana, só se pais ou responsáveis buscarem o menor na instituição.



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