|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRIMINALIDADE
Levantamento diz que menor praticou mais tráfico e menos furto
Tráfico é principal crime de menor no Rio
CRISTINA GRILLO
da Sucursal do Rio
O envolvimento com o tráfico de
drogas é o crime mais cometido
pelos menores infratores do Rio.
No primeiro trimestre de 1998,
26,1% dos menores julgados na 2ª
Vara da Infância e da Juventude
tinham ligação com o tráfico.
Os números do primeiro trimestre de 98, que estão em um levantamento feito pela 2ª Vara, mostram aumento de 5,78 pontos percentuais em relação a 97.
Em 1997, segundo a pesquisa, a
porcentagem de menores acusados de envolvimento com o tráfico
foi de 20,32%.
De acordo com o juiz titular da
2ª Vara, Guaraci de Campos Vianna, há cinco anos o percentual de
menores envolvidos com o tráfico
era semelhante ao de menores envolvidos em roubos e furtos -como os batedores de carteira, por
exemplo.
Hoje, o percentual de menores
condenados por furto simples é de
4,65%.
"Houve uma diminuição desse
tipo de crime por uma questão lógica. No tráfico, o menino se expõe menos e ganha muito mais.
Ele não precisa enfrentar a vítima,
mas comete o crime com a "aprovação' dela", explica o juiz.
A partir do tráfico, diz Vianna, o
menor infrator se envolve com
outros crimes. "Muitos deles,
presos por tráfico, acabam falando
sobre sua participação em grandes
assaltos e em sequestros. E contam
isso com orgulho", afirma.
Como as estatísticas preparadas
pela 2ª Vara só levam em consideração o delito pelo qual o menor
foi detido, não há dados sobre os
crimes confessados durante os depoimentos.
Os números indicam também
uma mudança no perfil dos menores infratores do Rio.
A pesquisa feita pela 2ª Vara
mostra ainda que o centro da cidade é o lugar de maior incidência de
delitos: 3,3% dos casos. Em segundo lugar vem Copacabana (zona
sul), com 1,92% das ocorrências.
A grande maioria dos infratores
é do sexo masculino (89,93%) e
tem entre 15 e 17 anos (81,74%).
Do total, 39,79% são analfabetos, e
49,82% são primários -ou seja,
cometeram seu primeiro delito.
A internação provisória -por
um determinado período- é a
punição mais aplicada: 16,77% dos
infratores foram encaminhados
para a internação em um dos institutos mantidos pelo Estado.
Guaraci Vianna diz que tem havido uma postura mais rigorosa
com relação às punições como
forma de tentar impedir que os
menores se envolvam em crimes
mais violentos.
"Não estamos endurecendo na
execução das medidas, mas sim na
fiscalização de sua execução", diz.
Como exemplo, Vianna cita a
fiscalização para o cumprimento
da punição em regime de semiliberdade. O regime permite que o
menor saia da instituição para estudar, trabalhar e para passar o final de semana com a família.
"O controle era feito por meio
de um papel que eles traziam assinado. Qualquer um assinava aquilo. Um levantamento mostrou que
metade dos alunos que diziam sair
para a escola não estavam nem sequer matriculados", afirma.
Agora, é preciso um comprovante de matrícula. Sair aos finais
de semana, só se pais ou responsáveis buscarem o menor na instituição.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|