São Paulo, domingo, 25 de junho de 2000


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PASSEATA NA PAULISTA
Gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros fazem ato para cobrar união civil e leis contra discriminação
Homossexuais querem reunir 100 mil hoje

ESTANISLAU MARIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Aprovação da união civil de pessoas do mesmo sexo e uma legislação mais rigorosa em relação à discriminação e perseguição.
Essas são as principais reivindicação da 4ª Parada do Orgulho GLBT que vai tomar hoje a avenida Paulista, com uma grande festa de 14 trios elétricos, pelo menos 30 DJs, carros alegóricos, fantasias, balões rosa e muita música.
"Nosso objeto é fortalecer a cidadania. É um domingo de luta feita de forma alegre, festiva e irreverente", disse o presidente da Associação da Parada do Orgulho GLBT, Roberto de Jesus.
Os organizadores esperam reunir 100 mil pessoas e avisam que a parada é de todos que lutam por direitos humanos, independentemente de serem heterossexuais ou GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros -travestis, drag queens e transexuais, nome dado àqueles que fizeram cirurgia para trocar de sexo).
A primeira parada, em 1997, reuniu 2.000 pessoas; a segunda, 8.000; a terceira, no ano passado, 35 mil. A passeata vai seguir da Paulista, às 15h, em direção à praça da República. (Veja quadro).
Segundo o presidente da Associação da Parada do Orgulho GLBT, além da aprovação da união de pessoas do mesmo sexo, a comunidade gay precisa da criação de leis contra discriminação e pela garantia de livre acesso a estabelecimentos comerciais.
"Lutamos pela nossa cidadania", disse Jesus. "Em pleno fim de século, ainda somos barrados em lojas e motéis e mal atendidos em bares e restaurantes."
No atual Código Penal, a perseguição contra homossexuais acaba sendo reprimida só quando acontece com violência física e é enquadrada como lesão corporal, homicídio ou tentativa. "Queremos um artigo específico para o ódio, que defina o crime e as penalidades", disse Jesus.
O país que mais avançou nessa legislação no mundo foi o Canadá. O deputado André Boulerice, da província canadense de Quebec e autor do conjunto de leis aprovado no país, será um dos convidados de hoje.
A partir de projetos de Boulerice, viraram leis a extensão da cobertura dos planos de saúde para o parceiro ou parceira, a união civil, o direito à pensão e a definição do crime de ódio.
Segundo a organização, todos candidatos à Prefeitura de São Paulo foram convidados para a festa, mas, até sexta-feira, só Marta Suplicy (PT) havia confirmado presença.
Roberta Close, Adriane Galisteu, Elke Maravilha, Marina Lima, Monique Evans e Pedro Paulo Rangel também disseram à organização que estariam presentes hoje na Paulista.

Parada limpa
Um bloco de garis estará fechando o cortejo de trios e carros alegóricos da parada. Os organizadores também pedem a todos os participantes que levem agasalhos e cartuchos usados de impressoras para serem doados.
Em parceria com ONGs, os agasalhos serão distribuídos. Os cartuchos vendidos para reciclagem e o dinheiro arrecadado vai financiar bolsas-escola para crianças carentes.
Em acordo com a CET e a Polícia Militar, ficou definido que a parada só vai ocupar totalmente a avenida Ipiranga. Na Paulista e Consolação, serão usadas só as pistas que levam ao centro.


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