DO "AGORA"

O piloto Aparecido Gameiro, do bimotor Sêneca que caiu na noite de anteontem próximo ao aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (Grande SP), tentou pousar três vezes antes de cair. Ele e o investigador Sílvio Bestetti Neto, 39, morreram na queda.
Após tentar aterrissar no aeroporto de Congonhas (zona sul de São Paulo), o piloto teria sido orientado a ir até Cumbica, onde o pouso não teria sido possível por falta de visibilidade, segundo Roger Emílio Piani, 31, piloto da TAM que mora na rua do acidente e viu o bimotor cair, após duas tentativas de pouso.
O controle de tráfego aéreo de São Paulo recebeu mensagens de que o avião estava sem combustível. O piloto e o investigador haviam ido a Sorocaba para um encontro de aviadores, segundo parentes. O bimotor era da empresa ZAK Aerotáxi, de São Carlos.
Segundo Piani, que mora no número 12 da rua Felipe Cabral Vasconcelos, onde o avião caiu, só um dos dois motores estava funcionando. "Ele estava dando potência máxima no outro motor para tentar evitar a queda."
A dona-de-casa Adília Morosini estava ontem se recuperando do susto. O bimotor caiu no pátio de sua casa, número 13. Ela, o marido, Cesare, 57, e o filho, Erik, 19, estavam no segundo andar do sobrado. Ninguém se feriu. "Poderia ter sido muito pior." Uma árvore em frente à casa conteve o avião. Para Adília, o piloto teve "presença de espírito" ao atingir a árvore, para não acertar a casa. "Quero escrever carta às famílias para prestar solidariedade."
Outros dois filhos do casal tinham visitado os pais à tarde. "Eles foram embora às 18h. A gente tinha ficado um bom tempo conversando onde o avião caiu."
O mecânico João Milanez, 52, guardou a armação retorcida dos óculos de um dos ocupantes.
Uma festa junina na rua foi suspensa após a queda do bimotor. Ontem, os moradores rezaram um terço em volta da fogueira em memória aos dois ocupantes.



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