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SEGURANÇA
FHC evita se comprometer com decretação de estado de defesa, pedida por Cesar Maia; providências serão debatidas hoje
Medida seria "inócua", diz general Cardoso
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O general Alberto Cardoso, ministro-chefe do Gabinete de Segurança institucional, classificou ontem como "inócua" uma eventual decretação de estado de defesa no Rio de Janeiro.
O presidente Fernando Henrique Cardoso, que estava ontem
no Rio, evitou se comprometer
com a decretação da medida, que
foi pedida publicamente pelo prefeito Cesar Maia (PFL).
Segundo o general Cardoso,
uma característica que reduziria o
impacto de um eventual estado de
defesa é a reduzida duração da
medida, que suspende algumas
garantias individuais e permite a
prisão de suspeitos sem ordem judicial. De acordo com a Constituição, o decreto dura 30 dias, podendo ser renovado por mais 30.
Para o general, o ato contra a
Prefeitura do Rio foi uma "ação
de terror", mas não um atentado
terrorista. "Terrorismo é um conceito que abrange ações com finalidades políticas, ideológicas."
À noite, o general Cardoso reuniu-se com o secretário nacional
de Justiça, João Benedito de Azevedo Marques, para discutir o
atentado no Rio. A reunião daria
subsídios para um encontro, hoje,
com FHC, a governadora Benedita da Silva (PT) e o ministro Miguel Reale Júnior (Justiça).
Presidente
Dentro da nova política de "tolerância zero" na segurança pública, FHC interrompeu sua agenda
oficial ontem no Rio para avaliar
pessoalmente os estragos provocados pelo ataque à prefeitura.
Com um punhado de cartuchos
de fuzil nas mãos, ele declarou
que o governo federal tomará
uma medida "forte".
"Eu não vou fugir da minha
[responsabilidade". Eu acho que o
que está acontecendo aqui hoje
[ontem", estas balas, que são de
uso militar, são testemunho de
que se passou de tudo que é limite. Isso não é aceitável. Isso é uma
provocação ao povo", afirmou.
Pela manhã, o presidente chegou a dizer que estava analisando,
com o ministro da Justiça, as condições e os mecanismos necessários para que fosse decretado o estado de defesa na cidade.
À tarde, FHC amenizou sua afirmação: "Tenho que ver o que significa isso, quem tem a autoridade para isso, quem pode decidir,
se é necessário, qual o caso", disse. "Será como o prefeito sugeriu, uma medida que seja forte. Foi isso que ele quis dizer."
Para FHC, o atentado foi uma demonstração do poder paralelo
do crime organizado.
"Isso é um desafio que a sociedade vai repudiar, essa questão de
atacar à toa. Mas não é à toa: é para mostrar que há outro poder no
Brasil. Não há. O poder do Brasil é o poder que o povo elegeu."
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