São Paulo, terça-feira, 25 de junho de 2002

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SEGURANÇA

FHC evita se comprometer com decretação de estado de defesa, pedida por Cesar Maia; providências serão debatidas hoje

Medida seria "inócua", diz general Cardoso

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O general Alberto Cardoso, ministro-chefe do Gabinete de Segurança institucional, classificou ontem como "inócua" uma eventual decretação de estado de defesa no Rio de Janeiro.
O presidente Fernando Henrique Cardoso, que estava ontem no Rio, evitou se comprometer com a decretação da medida, que foi pedida publicamente pelo prefeito Cesar Maia (PFL).
Segundo o general Cardoso, uma característica que reduziria o impacto de um eventual estado de defesa é a reduzida duração da medida, que suspende algumas garantias individuais e permite a prisão de suspeitos sem ordem judicial. De acordo com a Constituição, o decreto dura 30 dias, podendo ser renovado por mais 30.
Para o general, o ato contra a Prefeitura do Rio foi uma "ação de terror", mas não um atentado terrorista. "Terrorismo é um conceito que abrange ações com finalidades políticas, ideológicas."
À noite, o general Cardoso reuniu-se com o secretário nacional de Justiça, João Benedito de Azevedo Marques, para discutir o atentado no Rio. A reunião daria subsídios para um encontro, hoje, com FHC, a governadora Benedita da Silva (PT) e o ministro Miguel Reale Júnior (Justiça).

Presidente
Dentro da nova política de "tolerância zero" na segurança pública, FHC interrompeu sua agenda oficial ontem no Rio para avaliar pessoalmente os estragos provocados pelo ataque à prefeitura. Com um punhado de cartuchos de fuzil nas mãos, ele declarou que o governo federal tomará uma medida "forte".
"Eu não vou fugir da minha [responsabilidade". Eu acho que o que está acontecendo aqui hoje [ontem", estas balas, que são de uso militar, são testemunho de que se passou de tudo que é limite. Isso não é aceitável. Isso é uma provocação ao povo", afirmou.
Pela manhã, o presidente chegou a dizer que estava analisando, com o ministro da Justiça, as condições e os mecanismos necessários para que fosse decretado o estado de defesa na cidade.
À tarde, FHC amenizou sua afirmação: "Tenho que ver o que significa isso, quem tem a autoridade para isso, quem pode decidir, se é necessário, qual o caso", disse. "Será como o prefeito sugeriu, uma medida que seja forte. Foi isso que ele quis dizer."
Para FHC, o atentado foi uma demonstração do poder paralelo do crime organizado.
"Isso é um desafio que a sociedade vai repudiar, essa questão de atacar à toa. Mas não é à toa: é para mostrar que há outro poder no Brasil. Não há. O poder do Brasil é o poder que o povo elegeu."



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