|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ADMINISTRAÇÃO
Ministério Público Estadual manteve decisão contrária à obra; Marta Suplicy afirma ter ficado "perplexa"
Auditório no Ibirapuera sofre nova derrota
DA REPORTAGEM LOCAL
Fracassou a tentativa da prefeita Marta Suplicy (PT) de convencer o Ministério Público Estadual
a apoiar a construção de um auditório, projetado nos anos 50 pelo
arquiteto Oscar Niemeyer, no
parque Ibirapuera (zona sul de
São Paulo).
Por 11 votos a zero, o Conselho
Superior do órgão manteve ontem a decisão de considerar a
construção ilegal e a disposição de
acionar à Justiça, até o final da
próxima semana, para impedir o
início das obras.
A votação aconteceu horas depois de a prefeita ter levado, pela
manhã, uma delegação de arquitetos favoráveis ao projeto à sede
da Promotoria, na tentativa de resolver um impasse que já se arrasta há dois meses.
"Estou perplexa", disse a prefeita ao saber da decisão dos promotores. Ela disse que agora irá
aguardar o Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e
Turístico) aprovar, no dia 30, um
novo texto da resolução sobre o
tombamento do parque e, com isso, encerrar a polêmica sobre a interpretação que cada parte faz sobre o caso (veja quadro ao lado).
Marta admitiu, pela manhã, que
seria impossível entregar as obras
do auditório até o dia 25 de janeiro, aniversário da cidade. A previsão, agora, é maio de 2004.
Descaso
Além de reforçar os argumentos
de que a obra representará danos
ambientais ao parque, os promotores reclamaram da falta de explicações da prefeitura sobre o caso na primeira reunião do órgão
para discutir o assunto, no dia 17
de junho -quando o placar também foi de 11 a zero.
A prefeitura teve a chance de defender sua posição no encontro,
mas, segundo o Ministério Público, ninguém apareceu. Somente
um advogado da TIM, empresa
que financiará a obra.
O procurador-geral da Justiça
de São Paulo e presidente do conselho, Luiz Antônio Guimarães
Marrey, disse ainda que não havia
a descrição do projeto junto aos
documentos apresentados ao
Conselho Superior do órgão.
O presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, Gilberto Belleza, que acompanhou a comitiva
da prefeita, afirmou que, durante
a reunião entre Marta e Marrey, o
procurador-geral chegou a dizer
que, se a prefeitura tivesse instruído melhor os promotores, o resultado poderia ter sido diferente.
"Estive todas as terças-feiras no
Ministério Público esperando que
o Termo de Ajuste fosse colocado
em pauta. Na terça passada, houve a reunião. Eu estava na sala do
Ministério Público, não fui convidado para fazer qualquer tipo de
apresentação", afirmou o secretário do Verde e Meio Ambiente,
Adriano Diogo.
A prefeitura acredita que há um
"equívoco" do Ministério Público
na não-aprovação da obra, projetada nos anos 50 por Niemeyer,
pois o tombamento do parque se
deve à representatividade de seu
patrimônio arquitetônico, e não
ambiental.
A administração ainda alega
que irá retirar o asfalto de 85 mil
metros quadrados do parque, enquanto irá impermeabilizar uma
área de 4.870 metros quadrados.
A argumentação não foi aceita,
pois, segundo o procurador de
Justiça Walter Sabella, do Conselho Superior, o tombamento, feito
em 92, já previa a retirada de asfalto colocado indevidamente em
pistas e estacionamentos.
Assim, para o Ministério Público, não há uma medida compensatória da administração, mas
apenas uma adequação à lei.
Texto Anterior: Câmara: CPI dos Transportes só deve sair em agosto Próximo Texto: Para Marta, decisão afeta recuperação do parque Índice
|