São Paulo, quinta, 25 de junho de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Casal é suspeito do assassinar padre

CLAUDIA VARELLA
da Agência Folha, no ABCD

Um casal morador da favela do Oleoduto, em São Bernardo do Campo (Grande SP), é o principal suspeito do assassinato do padre italiano Leo Commissari, 56.
O padre foi assassinado com três tiros na manhã do último domingo dentro de um carro, em frente à sua casa. O crime aconteceu na noite de sábado. Foram roubados documentos pessoais e um talão de cheque.
O delegado titular do 6º Distrito Policial, Roberto Tadeu Sampaio Lopes, 36, disse que as investigações sobre a autoria do crime apontam para um casal da favela, identificado apenas como João e Patrícia, que já vinha sendo investigado anteriormente pela polícia.
Patrícia, segundo ele, seria a autora dos três disparos que mataram Commissari. Ela também teria matado a tiros Gentil de Lima, 37, na mesma noite e a 60 metros do local onde o padre morreu.
Até as 18h de ontem, a polícia não havia detido o casal. "Essa linha de investigação é a mais forte, mas ainda não descartamos as demais. As investigações prosseguem", disse o delegado.
A polícia trabalha com várias hipóteses para o crime, como latrocínio (roubo seguido de morte), homicídio e até vingança.
A polícia tem recebido diversas denúncias anônimas, que dão eventuais informações sobre o crime. Informações à polícia podem ser passadas pelos telefones (011) 448-0694 e 414-3535.
Anteontem à noite, a bolsa do padre foi encontrada na favela do Oleoduto, próximo a um barraco.
A missa de corpo presente do padre Commissari foi celebrada ontem à tarde por padres do ABCD e pelos bispos de Santo André, d. Décio Pereira, e de Ímola, na Itália, Giuseppe Fabiani, na paróquia Jesus de Nazaré, na Vila São Pedro, em São Bernardo.
Cerca de 2.000 pessoas, entre elas mais de cem religiosos, participaram da celebração.
Estavam presentes ainda os prefeitos de Ímola, Rafaello de Brasi, de Lugo (Itália), Maurizio Roy, e de São Bernardo, Maurício Soares.
Para o padre Filippo Commissari, 67, irmão do religioso assassinado, há mais violência no Brasil do que em Hong Kong, onde atua como missionário há 40 anos.
A violência no Brasil também foi destacada pelo bispo de Ímola, Giuseppe Fabiani, 72. "A violência é maior aqui pelo desemprego, pelas crianças abandonadas, pelo que se vê nos grandes centros urbanos", disse. Commissari era subordinado a Fabiani.
O enterro do corpo do padre ocorreu no final da tarde de ontem no cemitério Baeta Neves, em São Bernardo.
O caixão foi levado em cima de caminhão do Corpo de Bombeiros, seguido por dezenas de carros e ônibus com os fiéis.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.