São Paulo, quinta, 25 de junho de 1998

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POLÍCIA
Acusados em processo ocupam cargos de chefia em São Paulo e são citados em dossiê da Procuradoria da República
Diretor da PF quer que delegados fiquem

ABNOR GONDIM
da Sucursal de Brasília

RENATO KRAUSZ
da Reportagem Local

O diretor da Polícia Federal, Vicente Chelotti, defendeu ontem a permanência dos delegados Mário Ikeda e Wilson Alfredo Perpétuo no órgão, até o resultado final dos processos sofridos por eles.
Eles ocupam cargos de chefia em São Paulo e estão citados no dossiê da Procuradoria da República -Ikeda responde a um processo por prevaricação e Perpétuo tem uma condenação em primeira instância por facilitação de contrabando, além de outros dois processos em andamento.
Ikeda foi indicado para a chefia de operações pelo delegado Pierro Pietro, responsável pela Delegacia de Polícia Fazendária de São Paulo. Perpétuo foi indicado pelo próprio Chelotti para a delegacia de Ribeirão Preto (SP).
No caso de Ikeda, Chelotti disse que ele não deverá ser demitido mesmo que seja condenado em segunda instância. "É um crime leve, que não justifica a demissão", disse Chelotti.
Segundo a PF, a condenação contra Ikeda foi resultado de denúncia movida por procuradores da República. Ele foi acusado de ter falhado propositadamente na missão de aplicar flagrante em três outros agentes federais suspeitos de extorquir um empresário.
Com relação a Perpétuo, a assessoria da PF afirma que ele tem feito um excelente trabalho em Ribeirão Preto. Chelotti, por sua vez, afirma que não pode se antecipar à decisão judicial, já que Perpétuo recorreu da condenação em primeira instância.
Perpétuo e Ikeda disseram ontem à Folha que permanecem nos cargos em razão da confiança que a PF deposita sobre eles.
"Tenho reconhecimento pelo bom trabalho que realizei em Foz do Iguaçu e por isso estou aqui", disse Perpétuo.
Sobre sua condenação, Perpétuo afirmou que a pessoa acusada de contrabando foi absolvida. "Ou seja, eu acabei condenado por facilitar um contrabando que não existiu", afirmou.
O delegado Mário Ikeda afirmou que a sindicância interna da PF para apurar a suposta prevaricação concluiu que ele é inocente.
"Quando eu soube do caso dos três agentes, comuniquei meu superior e ele determinou abertura de inquérito na Corregedoria. O Ministério Público, no entanto, afirmou que eu deveria ter prendido os agentes e, então, a polícia abriu a sindicância, que acabou me inocentando."
Ikeda disse ainda que tem certeza que será absolvido no julgamento de primeira instância. "O Ministério Público não conseguiu provar nada contra mim. Eu não poderia ter prendido os agentes pois não havia flagrante e até hoje nada ficou provado contra os três."



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