CHRISTIANNE GONZÁLEZ
da Agência Folha, em Salvador

A tradicional guerra de espadas -evento que marca os festejos juninos no interior da Bahia- deixou um morto e 258 feridos na Bahia até as 19h de ontem. Em Salvador, 12 pessoas se feriram com fogos diversos.
Nas cidades de Cruz das Almas e Senhor do Bonfim 228 foram feridos. Em Serrinha, Santo Amaro e Cachoeira, foram 30.
O técnico eletrônico Carlos Leone Nunes Barreto, 27, teve morte instantânea na tarde de ontem, em Cruz das Almas (142 km de Salvador), ao tentar lançar uma espada, que explodiu e atingiu o seu peito.
De acordo com os médicos de plantão no hospital Nossa Senhora do Bom Sucesso, em Cruz das Almas, 170 pessoas com queimaduras diversa provocadas por fogos de artifício haviam sido atendidas na unidade de emergência até a tarde de ontem.
Em Senhor do Bonfim -outro município onde a guerra de espadas é tradicional-, 46 pessoas tinham procurado atendimento médico por causa de queimaduras até as 19h de ontem.
"A maioria das queimaduras graves é provocada por espadas", disse a auxiliar de enfermagem Maria da Conceição Lopes, que trabalha em um posto de saúde de Senhor do Bonfim.
Dos 12 feridos na capital baiana até ontem à noite, cinco estavam internados em estado grave no HGE (Hospital Geral do Estado).
Segundo os médicos que trabalharam ontem na unidade de emergência do HGE, alguns dos feridos correm o risco de ter os dedos amputados por causa da gravidade das queimaduras.
Este ano, a Prefeitura de Cruz das Almas chegou a programar uma festa com a participação de artistas e grupos musicais.
Era uma tentativa de atrair a atenção dos "espadeiros", mas as guerras foram realizadas em diversos pontos da cidade.
No ano passado, a Justiça de Cruz das Almas tentou delimitar uma área para os "espadeiros", mas a determinação não foi cumprida. A guerra envolve grupos "rivais" que atiram as espadas uns contra os outros.
As espadas são potentes fogos de artifício preparados artesanalmente com pólvora, limalha de vidro e barro -ingredientes que são socados dentro de um pedaço de bambu e acesos por meio de pavio.
As espadas mais potentes chegam a atingir uma velocidade de até 60 quilômetros por hora, segundo os médicos.
Em média, cada espada tem 50 centímetros de comprimento e cinco centímetros de diâmetro. O preço das unidades varia entre R$ 10 e R$ 20, a depender do tamanho e da quantidade de pólvora. No ano passado, 217 pessoas foram feridas por espadas no interior da Bahia, durante a festa de são João.



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