São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Delegado-geral do MA critica governo e cai

Chefe da Polícia Civil criticou contratação de serviços de consultorias privadas de gestão pela Secretaria da Segurança

Por meio de nota, a secretária Eurídice Vidigal afirmou que os contratos firmados possibilitam maior controle e economia para o Estado


SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA

O delegado-geral da Polícia Civil do Maranhão, Jefferson Portela, foi exonerado ontem pelo governador Jackson Lago (PDT) após criticar publicamente a gestão da secretária da Segurança, Eurídice Vidigal.
A saída de Portela aprofunda a crise na segurança pública do Estado. Ele criticou a contratação pela secretaria, sem licitação, de serviços de consultorias privadas de gestão por até R$ 2,6 milhões.
Ele também reclamou da contratação, por R$ 16,4 milhões, de uma empresa para gestão e manutenção da frota da pasta -a secretaria diz que o valor é de R$ 12,9 milhões. Em nota, Eurídice Vidigal disse que o contrato trará economia.
"Questionei o gasto com consultorias de gestão. O grosso do dinheiro da segurança está indo para atividades-meio, e não para a atividade-fim da secretaria", disse Portela.
No início do mês, o delegado foi ouvido pelo Ministério Público, que investiga supostas irregularidades ocorridas na secretaria em 2007, citadas em relatório da Controladoria Geral do Estado.
Segundo o policial, ele só fez críticas públicas após parte de seu depoimento ter sido revelada pela mídia local.
"O delegado-geral é um cargo de confiança. O governador só tinha duas opções: ou saía o delegado-geral ou a secretária. Na correlação de forças, o escolhido fui eu", afirmou Portela.
Ele reclamou também de que contratos com as consultorias privadas são firmados com mais rapidez do que os outros. "Uma consultoria dessa é aprovada rapidinho, enquanto tenho um processo tramitando desde março de 2007 para a aquisição de R$ 200 mil em armas e que não acaba."
O governador Jackson Lago, que nomeou o delegado Antônio Bezerra para o cargo, não comentou ontem a exoneração de Portela. Bezerra deverá assumir o posto em 15 dias.

Outro lado
Em nota, a secretária Eurídice Vidigal, mulher do ex-presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Edson Vidigal, disse que o contrato para gestão da frota citado por Portela prevê o uso de um cartão magnético para registro de todos os gastos com abastecimento e manutenção dos veículos, possibilitando maior controle e maior economia.
O valor do contrato, segundo a secretaria, foi estimado a partir da média de gastos da frota. Já o cartão, informou o governo, será implantado a partir de janeiro de 2009, quando terminar o atual contrato de fornecimento de combustível.
"No contrato está previsto que só será realizado o pagamento que estiver registrado no cartão magnético. Portanto, o valor previsto [R$ 12,9 milhões] deverá ser menor, pois o controle será rigoroso", diz a nota. A secretária não comentou as outras críticas.


Texto Anterior: Justiça: SC e RJ concedem habeas corpus contra bafômetro
Próximo Texto: Moradora da Rocinha é ferida em ação da polícia
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.