São Paulo, sábado, 25 de julho de 1998

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REMÉDIOS FALSOS
Donos de farmácias na Grande SP foram presos; medicamento era "maquiado" com embalagem falsificada
Quadrilha vende remédio do SUS em SP

MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local

Policiais do Decon (Departamento de Polícia do Consumidor) prenderam em flagrante na madrugada de ontem dois donos de farmácias em Poá e Ferraz de Vasconcelos (Grande São Paulo). Eles vendiam medicamentos desviados do SUS que eram "maquiados" com embalagens falsificadas.
José Ferreira Pessoa, 46, dono da rede de farmácias Estrela, de Ferraz, e Marcelo Fernandes de Souza, dono da Drogamar, de Poá, serão processados por receptação e crime contra a Saúde pública.
Eles afirmaram que usavam os serviços da Gráfica Gutenberg, em Ferraz de Vasconcelos. A gráfica preparava embalagens em que eram omitidas a expressão "venda proibida" ou "proibida para comércio" que constavam das originais e "maquiava" os medicamentos vencidos.
Após uma denúncia anônima, feita no início da semana, na qual apontavam Pessoa e Souza pela venda de medicamentos sem procedência, a polícia passou a acompanhar os movimentos de ambos.
Na noite de ontem, um caminhão carregado de medicamentos saiu da farmácia de Souza, em Poá, e parou na casa dele, no Itaim Paulista (zona leste de São Paulo).
Na casa de Souza foram apreendidas 131 caixas de diversos medicamentos e algumas unidades do psicotrópico Psicosedin e também do remédio Cytotec, indicado no combate à úlcera, cuja venda está proibida devido às propriedades abortivas do medicamento.
Foram apreendidas também 921 seringas e 100 agulhas descartáveis com os comerciantes.
Souza indicou Pessoa como seu "sócio" na venda dos produtos e de mentor intelectual do crime.
O dono da farmácia Drogamar, de Poá, disse que ele e Pessoa obtiveram os medicamentos no Núcleo Regional de Saúde 3, do Sistema Único de Saúde (SUS), em Itaquera (zona leste de São Paulo), que abastece de medicamentos 50 unidades de Saúde da região.
Souza disse que ele e Pessoa obtinham os medicamentos com duas funcionárias da unidade, Eliane Cristina da Silva, 29, encarregada do setor de farmácia do núcleo 3, e Lismara Guagliumi Temudo, 33, oficial administrativa do setor.
As duas e o dono da gráfica Gutenberg, José Ailton Souza Santos, 39, foram levadas ontem à 2ª Delegacia da Divisão de Crimes Contra a Fazenda do Decon, responsável pela investigação e pela prisão em flagrante dos dois comerciantes.
Eliane e Lismara não foram flagradas vendendo o produto para os comerciantes e responderão a processo em liberdade.
Santos, que afirmou a policiais ter sido contratado por Pessoa para produzir 6 mil embalagens de medicamentos, também aguardará em liberdade.



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