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REMÉDIOS FALSOS
Pesquisa feita em 200 visitas a farmácias revela que, em 53% dos casos, o farmacêutico não estava
96% das farmácias vendem sem receita
BETINA BERNARDES
da Sucursal de Brasília
A primeira
pesquisa realizada pelo Idec
(Instituto de
Defesa do Consumidor) em
200 visitas a farmácias de nove
capitais brasileiras e Londrina
(PR) mostra que, em 53% dos casos, o farmacêutico não estava no
estabelecimento.
Mais grave ainda: em 96,5% das
visitas, foram vendidos sem receita medicamentos que necessitavam da apresentação da prescrição médica.
O objetivo do primeiro teste de
nível nacional coordenado pelo
Instituto de Defesa do Consumidor foi avaliar as condições de
atendimento em farmácias e drogarias do país.
Em cada cidade, técnicos de entidades de defesa do consumidor
fizeram duas visitas a dez farmácias ou drogarias passando-se por
consumidores comuns que queriam comprar, sem receita médica, remédios que só podem ser
vendidos com prescrição.
Em 193 visitas, os medicamentos
foram vendidos; em quatro, não o
foram porque a farmácia não tinha o remédio.
Em um dos casos, registrado em
Londrina, a farmacêutica não vendeu o antibiótico pedido pelo técnico que fazia o teste, mas lhe ofereceu um antiinflamatório que
também necessitava de prescrição
médica.
Somente em uma farmácia, em
Florianópolis (SC), entre as cem
visitadas no país, a farmacêutica se
recusou, nas duas visitas, a vender
os remédios sem receita médica.
A exceção à norma começa já pelo fato de ter sido a própria farmacêutica a atender o cliente. Em
78% das visitas, quem atendeu foi
o balconista.
Em todos os casos, após ser
atendido, o técnico da entidade de
defesa do consumidor perguntava
se o farmacêutico responsável estava no local.
Em 53% das visitas, os técnicos
verificaram que o profissional estava ausente.
Farmacêutico
A legislação brasileira exige a
presença de um farmacêutico na
farmácia durante todo o tempo
em que o estabelecimento esteja
aberto ao público.
Os conselhos regionais de farmácia podem aplicar punições aos
profissionais que estejam ausentes. No Distrito Federal, o conselho aplica em média, por mês, 150
autos de infração em farmácias e
drogarias devido à ausência do
responsável técnico. De cinco a
seis processos éticos contra farmacêuticos são abertos nesse mesmo
período.
O caso de Brasília não é dos piores no país. Nas 20 visitas realizadas a farmácias, em 45% o farmacêutico estava presente.
O índice de presença varia de
acordo com a cidade (leia quadro
nesta página). Em Salvador, é de
apenas 10%. Já em Curitiba, atinge
80%.
Em São Paulo, o farmacêutico
estava presente em 65% das 20 visitas realizadas. No Rio, em apenas 25% dos casos o farmacêutico
foi encontrado.
Segundo publicação do Idec, esses índices não podem ser generalizados para todo o país ou mesmo
para o Estado porque o número de
farmácias visitadas em cada cidade foi igual em todas elas.
A publicação diz ainda que as diferenças podem ser explicadas por
outros fatores, como o número de
faculdades de farmácia na região
ou a eficácia da fiscalização.
Satisfação
O instituto também mediu no
teste das farmácias o grau de satisfação do consumidor. O Idec parte
do pressuposto de que a farmácia
não deve ser apenas rápida no
atendimento ao cliente, mas também precisa dar orientação sobre
o uso do remédio e suas contra-indicações.
A conclusão da pesquisa foi de
que, em 82% das visitas, não foi
fornecida nenhuma informação
ou orientação sobre o medicamento. De acordo com o levantamento, em apenas 4% dos casos
foram prestadas informações sobre o remédio e orientações para
seu uso racional.
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