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EDUCAÇÃO
Mais da metade dos docentes em atividade terá de conseguir diploma universitário até 2001 para continuar a lecionar
780 mil professores têm de voltar a estudar
DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília
Pelo menos 779 mil professores
de escolas de 1º grau de todo o país
-mais da metade dos que estão
em atividade- terão de voltar a
estudar para que possam continuar exercendo suas funções a
partir de 2001.
Esses professores -que representam 56,2% de um total de 1,38
milhão- não têm diploma universitário, o que contraria a determinação da LDB (Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional)
que estabelece que todos os professores de ensino fundamental
precisam ter o 3º grau completo.
De acordo com o levantamento
do Ministério da Educação divulgado ontem em Brasília, apenas
43,8% dos professores que dão aulas em escolas de 1º grau haviam
concluído algum curso de nível
superior em 1996.
A lei que regulamentou o fundão
(Fundo de Desenvolvimento do
Ensino Fundamental e Valorização do Magistério), aprovada em
dezembro de 1996, deu prazo de
cinco anos para que os professores
leigos obtivessem a habilitação necessária para que pudessem continuar ocupando seus cargos.
O prazo vence em dezembro de
2001. Segundo o Ministério da
Educação, os professores que não
cumprirem a determinação poderão ser demitidos -no caso dos
que foram contratados pela CLT
(Consolidação das Leis Trabalhistas) e que, por isso, não têm estabilidade no emprego- ou reaproveitados em outras funções na
própria escola -caso dos que têm
estabilidade (estatutários).
Vagas insuficientes
Como 124 mil dos 779 mil professores sem diploma universitário não concluíram nem o 2º grau,
o próprio governo admite que será
praticamente impossível capacitar
todos os professores até o prazo
previsto.
"Não sei como o problema será
resolvido. O grande número de
professores leigos em atividade no
Brasil é o maior problema educacional do país hoje em dia. Vai ser
preciso fazer um esforço enorme e
é muito pouco provável que se
consigam resultados em tão pouco tempo", disse Maria Helena
Guimarães, presidente do Inep
(Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais).
Uma das maiores barreiras para
que a meta seja cumprida até 2001
é a quantidade de vagas oferecidas
por cursos superiores para formar
professores.
De acordo com Maria Helena, a
oferta hoje é de 110 mil vagas por
ano em cursos de licenciatura
-sete vezes menor do que o necessário para atender a demanda
de professores que precisam voltar a estudar.
Para que a meta fosse cumprida
no prazo determinado pela lei, a
oferta anual teria de ser de, pelo
menos, 250 mil vagas.
Evolução
A maioria dos professores que
não completaram nem mesmo o
1º grau está na região Nordeste,
sobretudo na zona rural.
Dos 63,7 mil professores nessa
situação, 44,7 mil dão aulas em escolas nordestinas.
O Nordeste é a região em que
menos houve evolução na formação dos professores nos últimos 20
anos. Em 1975, 29,7% dos professores nordestinos do ensino fundamental não haviam concluído o
1º grau. Em 1996, a proporção havia caído para 10,8%.
No mesmo período, a região Sul,
que tinha 21,8% de professores
sem o 1º grau, conseguiu reduzir o
índice para 1%.
A região Centro-Oeste também
se destacou ao apresentar o maior
aumento no número de professores com nível superior. Nos últimos 22 anos, o crescimento dessa
faixa foi de 872% (leia quadro nesta página).
Em segundo lugar está a região
Norte do país, que apresentou um
aumento de 542% de professores
com nível superior, em relação ao
ano de 1975.
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