São Paulo, domingo, 25 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

REFORMA AGRÁRIA

Movimento capacita militantes em saúde coletiva; assentamentos planejam produzir fitoterápicos

MST intensifica atuação na área de saúde

DA REPORTAGEM LOCAL

Os resultados da pesquisa feita pela UnB (Universidade de Brasília) levaram o MST a intensificar a luta na área de saúde.
O movimento já iniciou um projeto com o governo para capacitar militantes em saúde pública e quer realizar no próximo ano uma conferência nacional sobre saúde no campo.
Segundo Gislei Knierim, coordenadora da área de saúde do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), outro projeto gerado pelas demandas da área foi o das "farmácias verdes", que prevê a produção e pesquisa em fitoterápicos nos assentamentos, em parceria com um laboratório público da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz, do Rio de Janeiro).
Nos assentamentos próximos a Itapeva, interior de São Paulo, mulheres já começaram a produção de remédios de plantas em pequena escala. Elas cuidam de uma horta e duas vezes por semana se reúnem para produzir tinturas de plantas, xaropes e pomadas. Alguns produtos, como o "xarope contra a gripe" e a pomada, levam mais de 40 folhas de plantas -até as de cenouras e alface são aplicadas nas fórmulas. No assentamento em São Paulo, em cada dia de produção, são feitos 40 vidros de xarope.

Aleitamento
O detalhamento de itens em que o desempenho de saúde de acampamentos e assentamentos foi bom revela uma situação menos positiva. Apesar dos resultados sobre aleitamento materno terem sido ótimos (veja quadro), apenas cerca de 40% das crianças nascidas vivas permanecem em aleitamento exclusivo até o sexto mês, como prevê recomendação dos órgãos internacionais.
A maioria das mulheres realizou pré-natal, segundo o estudo da UnB, mas apenas 51,12%, em média, começou o acompanhamento a partir do primeiro trimestre da gravidez.
Alguns itens ainda estão em avaliação, como a mortalidade infantil. Os pesquisadores encontraram as causas externas como principal causa de morte em geral nos assentamentos e acampamentos, 39,4% delas originadas por homicídios. Este dado ainda será melhor investigado.
"Trabalhamos com um público mais urbanizado, dos grandes centros, o que acarreta uma série de vícios, entre eles o alcoolismo", diz o coordenador nacional do MST, João Paulo Rodrigues. (FL)


Texto Anterior: Reforma agrária: Trabalhador rural tem saúde precária
Próximo Texto: Outro lado: Situação difícil é equivalente à da população rural
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.