São Paulo, domingo, 25 de agosto de 2002

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REFORMA AGRÁRIA

Pesquisa da Universidade de Brasília e do MST revela que saneamento básico é inadequado em assentamentos Trabalhador rural tem saúde precária

Trabalhador rural tem saúde precária

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Estudo feito pelo Núcleo de Estudos em Saúde Pública da UnB (Universidade de Brasília) e pelo MST retrata a precariedade das condições de saúde de assentamentos e acampamentos de trabalhadores rurais em todo o país.
Mesmo nos locais onde os governos teoricamente planejaram a ocupação da terra, os trabalhadores ainda sofrem com as deficiências da infra-estrutura básica -falta de acesso à água tratada, rede de esgoto e coleta de lixo.
Realizada entre julho e dezembro 1999, a pesquisa foi concluída no ano passado e os resultados divulgados há poucos dias. No levantamento, foram coletados dados de 3.687 famílias assentadas em 139 locais e 2.851 acampadas em 92 áreas, principalmente de assentamentos e acampamentos do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Apesar de centrado em acampamentos e assentamentos, o resultado não difere da situação encontrada em levantamento posterior, feito pelo Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (órgão da estrutura do Ministério do Desenvolvimento Agrário) em municípios rurais: o sistema de saúde público ainda não olhou com a atenção devida para os problemas do campo.
O trabalho da UnB utilizou informações fornecidas pela própria população pesquisada.
"Tivemos como tarefa estratégica fazer um diagnóstico da saúde da nossa base. Mas o que era para ser um diagnóstico virou um documento de denúncia", afirma João Paulo Rodrigues, coordenador nacional do MST. "Acreditamos que as condições mínimas para moradia são atribuições de estados e municípios."
Nos assentamentos e acampamentos, 58,3 % e 62,5 % da população, respectivamente, consumiam água sem tratamento algum. O lixo e os dejetos eram deixados a céu aberto pela maioria das famílias. Apenas 1,2% das áreas dos assentamentos eram servidas de coleta de lixo.
Os dados corroboraram os da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios feita pelo IBGE em 1998. Ela mostrava que apenas 16,85 % da população rural era servida por água canalizada.
"Na verdade a reforma agrária pára na desapropriação e posse da terra", avalia Patrícia Aucélio, uma das coordenadoras nacionais da pesquisa pela UnB.


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