São Paulo, sexta-feira, 25 de agosto de 2006

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Acordo permite recuperar vila operária

Convênio a ser assinado hoje entre Prefeitura de SP e União era o entrave para reformar construções na Vila Maria Zélia

Município, com a posse de imóveis, deve dar oficinas de restauro nos edifícios erguidos entre 1912 e 1916, na região do Belenzinho


RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Vila Maria Zélia, a primeira vila operária de São Paulo, poderá, enfim, ser restaurada.
Dois anos de negociação depois, o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) cederá à Prefeitura de São Paulo a posse, por cinco anos, dos prédios de uso social da vila. O convênio será assinado hoje, às 9h, entre o prefeito Gilberto Kassab (PFL) e o ministro Nelson Machado (Previdência).
Os prédios de uso social são os mais deteriorados da vila, construída entre 1912 e 1916 pelo industrial Jorge Street (1863-1939) para servir de moradia aos funcionários da sua Companhia Nacional de Tecidos de Juta. São seis imóveis, entre os quais escolas, armazéns e uma capela, todos em processo de abandono -intensificado a partir da década de 80, quando o INSS, proprietários dos prédios, determinou que eles fossem desocupados.
"Finalmente há uma luz no fim do túnel. A situação está bem precária. Está mais que precária, está caótica", afirmou o aposentado Edelcio Pereira Pinto, nascido e criado na Maria Zélia. Ele prometeu cortar o rabo-de-cavalo de sua cabeleira grisalha se a vila for restaurada. "Agora está mais perto."
Em 17 de abril, a Folha revelou que, sem perspectiva de solução do longo impasse entre prefeitura e União, moradores decidiram recuperar a capela da vila por conta própria, de modo irregular, sem aval de órgãos de preservação histórica.
Pelo convênio, a prefeitura tem dois anos para elaborar um projeto de recuperação dos prédios, na região do Belenzinho (zona leste paulistana). Com recursos em caixa, as obras então começariam.
O prazo de cinco anos pode ser renovado de modo indefinido, segundo Ricardo Thomaz, assessor da Subprefeitura da Mooca. Há, ainda, o compromisso do INSS de não alterar o uso dos prédios se reassumi-los -em caso de eventual encerramento do convênio.

Centro de inclusão
Com a posse da área, a prefeitura retomará o projeto de um centro de capacitação na Vila Maria Zélia. A proposta já tinha verba da União Européia, mas a Secretaria do Trabalho, sem perspectiva de iniciá-la na vila diante do imbróglio, decidiu negociar a instalação em outro local, ainda não definido.
Segundo a prefeitura, a idéia é criar o centro na vila até 2009, com ou sem apoio europeu. O centro oferecerá aulas de restauro e reforma de imóveis. A articulação ficará com as secretarias do Trabalho e da Cultura.
A assinatura do convênio entre município e Previdência não inclui as casas da vila, de propriedade dos moradores. Das 258 originais, 171 permanecem, mas apenas quatro com características originais.
A Vila Maria Zélia foi tombada em 1992 pelo Condephaat e pelo Conpresp, os respectivos conselhos do Estado e do município responsáveis pela preservação do patrimônio histórico.


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