São Paulo, terça, 25 de agosto de 1998

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CONTROLE HI-TECH
Nova ala do Hospital São Paulo, da Unifesp, poderá tratar doenças com alto índice de contágio
Enfermaria terá segurança máxima

CARLA CONTE
da Reportagem Local

O Hospital São Paulo, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), inaugura amanhã enfermaria com segurança máxima, que permite tratar doenças com alto índice de contágio por via aérea e por gotículas.
A nova ala receberá inicialmente pacientes com tuberculose. Haverá oito leitos, distribuídos em quatro quartos, que serão supervisionados por quatro auxiliares de enfermagem.
A enfermaria é separada do restante do hospital por meio de uma porta de vidro, que é aberta por meio de sensores apenas a funcionários credenciados para trabalhar naquele setor.
O setor terá pressão negativa -por meio de um sistema de exaustão, o ar fica "preso" na enfermaria, não se espalhando para outros setores hospitalares. Essa medida ajuda a impedir o contágio da tuberculose a outros pacientes e funcionários.
O ar da enfermaria também é constantemente filtrado (cerca de 12 vezes por hora) para retirar do ambiente partículas pequenas, diminuindo a chance de contágio da tuberculose dentro do próprio setor. A eficácia desse sistema de filtração é de 99,97%.
Para o sistema funcionar, não pode haver ventilação natural. A ventilação fica por conta do sistema de exaustão e filtração, que joga no ambiente o mesmo ar após ter sido "limpo".
Além do sistema de filtração, os funcionários desse setor também usarão máscaras especiais, que têm a capacidade de filtrar 95% das partículas pequenas que ficam no ambiente.
"O principal objetivo é reduzir o risco de transmissão, que hoje é muito alto", diz Eduardo de Medeiros, coordenador do Serviço de Prevenção e Controle de Infecção Hospitalar do Hospital São Paulo. O índice de risco de contágio atualmente é de 40%.
O hospital também pretende reduzir pela metade o tempo de diagnóstico, que atualmente é de quatro horas. "Diagnosticar o quanto antes é fundamental", diz o coordenador. Para detectar a doença é colhido o escarro do paciente, que vai para análise.

Laboratórios
Além da criação da nova enfermaria, também serão inaugurados amanhã, oficialmente, cinco laboratórios de pesquisa. "Eles vão melhorar a capacidade de diagnosticar infecções causadas pelo vírus da Aids", diz Antonio Carlos Pignatari, professor titular de doenças infecciosas e parasitárias da Unifesp.
Nesses laboratórios, que já começaram a funcionar parcialmente desde junho, será feito o rastreamento do vírus e verificada a resistência do HIV às drogas do coquetel anti-Aids.



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