São Paulo, terça, 25 de agosto de 1998

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INFÂNCIA PERDIDA
Prostituta de 15 anos foi esfaqueada na garganta em discussão com cliente
Assis investiga prostituição infantil

em Presidente Prudente

O Ministério Público de Assis (SP) vai investigar a ligação entre a tentativa de assassinato contra uma garota de 15 anos, ocorrida no final de semana passado, com a prostituição de adolescentes na cidade.
A suposta garota de programa A.S.S., 15, recebeu uma facada na garganta durante a discussão com um cliente que se recusava a pagá-la, na madrugada de sábado.
A. mora em Tarumã, cidade vizinha a Assis (460 km a oeste de São Paulo), é filha de trabalhadores rurais e deixava sua casa para fazer programas.
A. afirmou à polícia ter saído com um cliente em um Fiat 147. O cliente, segundo ela, não concordou com o preço.
O acusado acertou a garota com uma faca, na altura do pescoço e a deixou em uma avenida da cidade.
Segundo a Agência Folha apurou, a garota vinha se prostituindo desde os 13 anos, sem o conhecimento dos pais. Ela dizia que estava indo trabalhar em Assis.
Na semana passada, quatro meninas -a de menor idade tem 9 anos- foram relacionadas a casos de prostituição na cidade, de 83 mil habitantes. Elas estavam em uma parque, e foram vítimas de uma tentativa de estupro.
Os novos casos serão incluídos no inquérito aberto pelo Ministério Público para investigar a prostituição de crianças e adolescentes em Assis.
Um levantamento realizado pelo Conselho Tutelar do Menor cadastrou pelo menos 37 meninos e meninas se prostituindo nas ruas.
Segundo o promotor Eduardo Henrique Amâncio de Souza, 31, não existem provas de que haja uma rede organizada de exploração sexual dos menores.
"Temos casos espontâneos, de crianças oriundas de famílias desajustadas", afirmou o promotor.
O promotor disse que também está investigando a presença de menores em shows eróticos.
Em abril passado, uma prostituta foi condenada a quatro anos de prisão na cidade, porque foi considerada culpada da acusação de levar uma vizinha, de 11 anos, para fazer programas nas ruas.
Os menores já cadastrados pelo conselho tutelar serão incluídos em um projeto de educadores de rua, que será votado amanhã pelo conselheiros.
A maioria deles, segundo o conselheiro Elvio Alexandre Mariano, 24, pertence a famílias de trabalhadores rurais e de desempregados.
"A mecanização da cultura de cana está tirando empregos na região", afirmou. Se for aprovado, o projeto ainda depende de uma verba de R$ 1.900 para ser implantado, durante seis meses.



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