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POLÍCIA SOB SUSPEITA
Grupo estaria envolvido em uma suposta rede de crimes executados em duas delegacias da capital
Promotoria denuncia dez policiais em SP
ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público de São
Paulo denunciou ontem à Justiça
Estadual dez policiais civis que estariam envolvidos em uma suposta rede de crimes planejados e
executados a partir de duas delegacias da capital paulista: o 10º DP
(Penha) e o 33º DP (Pirituba).
As atividades do grupo foram
descobertas por meio de grampos
telefônicos feitos pela Procuradoria da República do Distrito Federal, na investigação que mapeou
os negócios do homem que é considerado o maior contrabandista
de cigarros do país, Roberto Eleutério da Silva, o Lobão.
Ontem à noite, a juíza Mariângela Torres Garcia, da 1ª Vara Criminal, decretou a prisão preventiva dos dez policiais, a pedido dos
promotores do Gaeco (Grupo de
Atuação Especial de Repressão ao
Crime Organizado).
Oito deles foram presos durante
as duas semanas de investigação,
por ordem da juíza-corregedora
do Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais), Ivana David
Boriero, responsável pelo procedimento que apura os negócios
dos policiais flagrados nos grampos da Procuradoria.
Os delegados Nicola Romanini,
Luiz Claudio Ferretti e Nelson de
Camargo Rosa, mais os investigadores Eduardo Ferreira Bueno e
Paulo Roberto Ferreira da Silva,
foram acusados de formação de
quadrilha e concussão (extorsão
cometida por funcionário público). Rosa está foragido.
O Ministério Público denunciou ainda os investigadores Ivan
Raimundi Barbosa e Marcelo
Moura Cardoso sob acusação de
formação de quadrilha, concussão e tráfico de drogas.
Os grampos da investigação
mostram policiais negociando
lança-perfumes, entre outros crimes. No 10º DP, "gansos" (informantes) recebiam maconha de
policiais em troca de informações
sobre determinados criminosos,
segundo a Folha apurou.
Um quarto delegado, cujo nome não foi divulgado porque ele
será preso, foi acusado de formação de quadrilha e corrupção.
Os promotores também denunciaram o ex-chefe dos investigadores do 10º DP, José Norberto
dos Santos, por formação de quadrilha, corrupção passiva, adulteração de chassi, peculato (furto
praticado por agente público),
prevaricação e tráfico de drogas.
O agente policial Jean Wagner
Cabral responderá a processo por
formação de quadrilha.
Segundo a Promotoria, os "dois
distritos policiais foram transformados em um verdadeiro balcão
de negócios ilícitos". De lá, pelo
telefone da delegacia, seriam acertados roubos de carga, a compra
de drogas apreendidas e encomendados boletins de ocorrência
para legalizar desvio de carregamentos, entre outros crimes.
Em depoimento, os policiais negaram os crimes. A juíza do caso
deve decidir se aceita ou não a denúncia após receber a defesa prévia dos advogados dos acusados.
Cópias da apuração serão enviadas para a Promotoria da Cidadania da capital, que deve processar os envolvidos na área cível,
por improbidade administrativa e
enriquecimento ilícito. O Gaeco
pediu a quebra dos sigilos bancários, telefônicos e fiscal dos dez.
O "balcão de negócios" é a ponta de uma investigação maior que
pode envolver mais policiais paulistas. A partir de hoje, o Gaeco e o
Dipo começam a analisar o restante dos grampos -ou seja, dois
terços das 40 mil conversas gravadas. A apuração deverá ser fragmentada por departamentos.
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