São Paulo, terça-feira, 25 de setembro de 2007

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Câmara divulga gastos, mas "esconde" fornecedor

Foram gastos R$ 339,1 mil no primeiro mês de vigência da nova verba de gabinete

Despesa mensal de cada gabinete não pode passar de R$ 13.340,62, mas aquilo que não foi usado pode ser acumulado até o fim do ano

DA REPORTAGEM LOCAL

A Câmara de São Paulo divulgou ontem quanto cada vereador gastou em agosto, primeiro mês da vigência da nova verba de gabinete, mas não disse quem são os fornecedores.
De acordo com os dados apresentados pela Câmara, José Ferreira, o Zelão (PT), foi o campeão de gastos, com R$ 13.340,47, seguido por Abou Anni (PV), com R$ 13.326,72, e Toninho Paiva (PMDB), com R$ 12.975,95.
No total, a despesa mensal de cada gabinete não pode ultrapassar R$ 13.340,62, o equivalente a 75% da verba do deputado estadual. A verba não utilizada, no entanto, poderá ser gasta até o final de cada ano.
Ontem, a Mesa da Câmara comemorava sua própria transparência, ao colocar na internet o gasto de cada vereador. Porém, sem a listagem dos fornecedores, não é possível saber onde cada parlamentar gastou o dinheiro do Legislativo.
O maior gasto foi com produção e impressão gráfica: R$ 78.519,70. Locação de veículos para os vereadores custou R$ 75.195,42. As despesas de correio somaram R$ 68.953,94.
No total, foram gastos R$ 339,1 mil com todas as despesas, que incluem locação de veículos, combustíveis e lubrificantes, correio, material de escritório, assinaturas de jornais e revistas, telefones fixo e móvel, provedor de internet, elaboração e manutenção de sites, compra de livros e contratação de consultorias.

Lideranças
As lideranças de partidos também têm verbas disponíveis. A maior despesa foi da liderança do PV, com R$ 3.072,17. O líder do partido é Abou Anni. Se somarmos os valores das despesas do gabinete do vereador e da liderança, Anni consumiu R$ 16.398,89.
A verba de gabinete foi criada em maio após o prefeito Gilberto Kassab (DEM) se omitir ao não sancionar nem vetar um projeto aprovado na Câmara que concedia aos vereadores um pacote de benesses.
Antes, eles tinham direito a serviços contratados pela própria Câmara. Agora, com a verba de gabinete, têm liberdade para gastar no que bem entenderem, dentro dos parâmetros estabelecidos pela Mesa, sem precisar fazer licitação.
Um exemplo: no sistema anterior, eles tinham cota mensal de R$ 800 de combustível. Agora, podem gastar até R$ 1.500.
A Folha protocolou há 15 dias um ofício pedindo acesso às notas fiscais dos gastos dos vereadores, mas não obteve resposta. A presidência da Casa informou apenas que o ofício foi enviado ao departamento jurídico.
(EVANDRO SPINELLI)


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