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INVESTIGAÇÃO
Versão de acusado de participar de falsificação de Androcur contradiz a de outro dono
Outro sócio da Veado D'Ouro é indiciado
CARLA CONTE
da Reportagem Local
A polícia acusou formalmente
ontem mais um proprietário da
farmácia de manipulação Botica
Ao Veado D"Ouro. Edgar Helbig
foi indiciado sob acusação de falsificar o remédio contra câncer de
próstata Androcur.
O laboratório Veafarm, que pertence à Botica, fabricou cerca de 1
milhão de comprimidos sem o
princípio ativo. Esse placebo recebeu embalagem falsa e foi vendido
por distribuidoras. A falsificação
pode ter acelerado a morte de pelo
menos dez pessoas no país.
Helbig disse ontem à polícia que
não sabia que os placebos seriam
usados como Androcur. "Se soubesse, colocaria minha mão para
parar a máquina", disse.
No inquérito que corre no 1º DP
de Santo André (Grande SP), já
haviam sido indiciados Ricardo
Garcia -ex-sócio da Botica e acusado de contratar a produção dos
placebos- e Daniel Derkastcheff
Vera -um dos dois donos atuais
e sogro de Garcia, que responderia
pela operação na ausência dele.
Garcia e outras seis pessoas envolvidas estão presas em Santo
André. Derkastcheff e Helbig respondem o inquérito em liberdade.
Contradição
As versões de Helbig e de Derkastcheff para o caso têm contradições. Em certos pontos, um atribui ao outro a responsabilidade
pelo episódio.
Segundo Helbig, o ex-sócio Garcia disse que o placebo produzido
pela empresa se destinava a teste
clínico (quando o médico usa drágea sem efeito para testar um medicamento novo) em todo o Brasil.
Helbig disse que só ligou o placebo fabricado no Veafarm ao Androcur falso em junho, após divulgação do caso pela imprensa.
Ele afirmou ter procurado em
seguida o sócio Derkastcheff, que
determinou a destruição dos 100
mil comprimidos inócuos que
ainda estavam no laboratório.
Derkastcheff deu versão diferente. Em depoimento, ele disse ter
feito a ligação entre o placebo e o
Androcur há apenas 15 dias.
Helbig disse que não procurou a
polícia por não saber a quem se
reportar, de acordo com depoimento ao delegado Guerdson Ferreira, que conduz a investigação.
O indiciado também afirmou
que estranhou o fato de que não
foram emitidas notas fiscais para a
venda do placebo. Segundo o sócio, a parte comercial, da Botica e
do laboratório, era responsabilidade de Derkastcheff e Garcia,
quando este atuava na empresa.
Helbig disse que a produção do
placebo continuou após a saída de
Garcia da direção, porque já era
corriqueira e dispensava autorização prévia da diretoria.
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