|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SAÚDE
Número representa 61% do total no hospital da UFRJ; 21 serviam a crianças portadoras de HIV e 25 eram do hospital-dia
SUS corta verba e desativa 81 leitos no Rio
FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio
Cortes nas verbas do SUS (Sistema Único de Saúde) provocaram a
desativação de 81 leitos do Hospital São Francisco de Assis, da
UFRJ (Universidade Federal do
Rio de Janeiro). Isso representa
61% do total de leitos do hospital.
Dos 81 leitos já desativados, 21
serviam a crianças portadoras de
HIV e tinham sido inaugurados
em agosto. Uma enfermaria com
leitos para adultos soropositivos,
que está pronta e seria inaugurada
neste mês, ficará fechada.
No hospital-dia (serviço em que
o paciente recebe o atendimento,
mas não dorme no hospital), 25
leitos começaram a ser desativados. Só cinco estão funcionando.
A diretora do hospital, Sônia
Carvalhal, disse que os cortes
aconteceram nos faturamentos de
junho e julho (pagos em agosto e
setembro, respectivamente) e já
somaram R$ 123 mil.
O credenciamento no SUS funciona da seguinte forma: o hospital atende, informa o número de
atendimentos (internações ou
consultas em ambulatório) e recebe do SUS um pagamento por eles.
O dinheiro é repassado por intermédio das secretarias da Saúde
dos Estados e municípios.
A Secretaria da Saúde do Rio estabeleceu para o hospital teto máximo de R$ 55 mil para internações e R$ 91 mil para ambulatório.
A direção do hospital, porém,
informou que seu faturamento em
internações é, em média, de R$ 80
mil. No ambulatório, o faturamento chegou, em julho, a R$ 205
mil. Ou seja: os cortes atingem
atendimentos já feitos.
Com o dinheiro do SUS, o hospital paga fornecedores e medicamentos. Funcionários, contas de
água e luz são pagas pela UFRJ.
"Com esse teto, ficamos endividados e temos que reduzir o atendimento. Como dizer a um paciente que não vou atendê-lo, se
ele está vendo um leito vazio? Aumentamos o atendimento porque
temos demanda real, não pacientes fantasmas", disse a diretora.
O hospital funcionava originalmente como um centro de reabilitação. Dos 100 leitos para reabilitação, 60 já foram fechados. A partir
de 92, o hospital, com apoio do
Ministério da Saúde, criou um
centro de testagem anônima (e
gratuita) e vários projetos de apoio
a portadores de HIV/Aids.
Tem hoje o maior centro de testagem do Rio, com cerca de 1.500
atendimentos por mês, e atende
seis prefeituras do interior. O núcleo de HIV/Aids cresceu. O prédio foi reformado, e o projeto inclui um ambulatório, um programa de assistência a gestantes e um
laboratório para diagnósticos.
"O Ministério da Saúde investiu
R$ 600 mil nesse projeto. Não entendemos por que o projeto tem
de ser abortado", afirmou José
Guerreiro, coordenador do projeto de HIV/Aids do hospital.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|