São Paulo, sexta, 25 de setembro de 1998

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SAÚDE
Número representa 61% do total no hospital da UFRJ; 21 serviam a crianças portadoras de HIV e 25 eram do hospital-dia
SUS corta verba e desativa 81 leitos no Rio

FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio

Cortes nas verbas do SUS (Sistema Único de Saúde) provocaram a desativação de 81 leitos do Hospital São Francisco de Assis, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Isso representa 61% do total de leitos do hospital.
Dos 81 leitos já desativados, 21 serviam a crianças portadoras de HIV e tinham sido inaugurados em agosto. Uma enfermaria com leitos para adultos soropositivos, que está pronta e seria inaugurada neste mês, ficará fechada.
No hospital-dia (serviço em que o paciente recebe o atendimento, mas não dorme no hospital), 25 leitos começaram a ser desativados. Só cinco estão funcionando.
A diretora do hospital, Sônia Carvalhal, disse que os cortes aconteceram nos faturamentos de junho e julho (pagos em agosto e setembro, respectivamente) e já somaram R$ 123 mil.
O credenciamento no SUS funciona da seguinte forma: o hospital atende, informa o número de atendimentos (internações ou consultas em ambulatório) e recebe do SUS um pagamento por eles. O dinheiro é repassado por intermédio das secretarias da Saúde dos Estados e municípios.
A Secretaria da Saúde do Rio estabeleceu para o hospital teto máximo de R$ 55 mil para internações e R$ 91 mil para ambulatório.
A direção do hospital, porém, informou que seu faturamento em internações é, em média, de R$ 80 mil. No ambulatório, o faturamento chegou, em julho, a R$ 205 mil. Ou seja: os cortes atingem atendimentos já feitos.
Com o dinheiro do SUS, o hospital paga fornecedores e medicamentos. Funcionários, contas de água e luz são pagas pela UFRJ.
"Com esse teto, ficamos endividados e temos que reduzir o atendimento. Como dizer a um paciente que não vou atendê-lo, se ele está vendo um leito vazio? Aumentamos o atendimento porque temos demanda real, não pacientes fantasmas", disse a diretora.
O hospital funcionava originalmente como um centro de reabilitação. Dos 100 leitos para reabilitação, 60 já foram fechados. A partir de 92, o hospital, com apoio do Ministério da Saúde, criou um centro de testagem anônima (e gratuita) e vários projetos de apoio a portadores de HIV/Aids.
Tem hoje o maior centro de testagem do Rio, com cerca de 1.500 atendimentos por mês, e atende seis prefeituras do interior. O núcleo de HIV/Aids cresceu. O prédio foi reformado, e o projeto inclui um ambulatório, um programa de assistência a gestantes e um laboratório para diagnósticos.
"O Ministério da Saúde investiu R$ 600 mil nesse projeto. Não entendemos por que o projeto tem de ser abortado", afirmou José Guerreiro, coordenador do projeto de HIV/Aids do hospital.



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