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URBANIDADE
O factóide mais alto do mundo
GILBERTO DIMENSTEIN
Transformado em notícia nos principais jornais dos
Estados Unidos e da Europa, ao
anunciar que construiria em São
Paulo o prédio mais alto do mundo, o empresário Mario Garnero
acaba de perder os financiadores.
Quando voltar esta semana de
Paris, Garnero, presidente do
Conselho de Administração do
Grupo Brasilinvest, vai informar
que desapareceu o apoio de R$ 3
bilhões, previsto em protocolo assinado em agosto de 1999.
Imaginado como símbolo da cidade e batizado de "Maharishi
São Paulo Tower", a construção
piramidal teria 510 metros de altura e 108 andares, montada no
centro deteriorado da cidade, no
Pari: hotéis, universidade, centro
de convenções e espaço para residência, servidos pelo metrô.
Segundo os responsáveis pela
obra, seriam gerados 40 mil empregos diretos e indiretos.
"Estou desolado. Não acreditava nesse desfecho", desabafou ontem por telefone. Numa reunião
em Nova York, sexta passada, os
executivos do MGDF (Maharishi
Global Development Fund) informaram que não querem mais
perder tempo e dinheiro.
Já desembolsaram US$ 20 milhões; parte deles para pagar o
projeto arquitetônico, de Minoru
Yamasaki, autor do World Trade
Center, em Nova York.
As desventuras do projeto começaram com a descoberta da
máfia da propina. Antes do escândalo, Garnero tinha recebido
apoio de Celso Pitta, a quem caberia enviar à Câmara Municipal
projeto para as desapropriações,
estimadas em R$ 200 milhões.
Cercado de investigações e
ameaçado de impeachment, Pitta
se esqueceu da obra. A paciência
dos financiadores foi terminando
e se esgotou de vez quando colheram informações de que os candidatos à prefeitura, especialmente
Paulo Maluf e Marta Suplicy, não
iriam abraçar o projeto.
Criado pelo guru dos Beatles
(Maharishi Mahesh Yogi) na década de 60, o fundo, com negócios
em 16 países, não quer sair no
prejuízo. O projeto deve ser transferido para Dallas (EUA) ou Johannesburgo (África do Sul).
Nem tudo, porém, é má notícia
para o empresário. Quando começou a articular o ex-prédio
mais alto do mundo, ele fez um
seguro, na hipótese de fracasso.
Graças à cautela, ganhará cerca
de R$ 18 milhões como indenização pelo tempo e energias gastos.
E-mail - gdimen@uol.com.br
A partir desta semana, Barbara Gancia
passa a escrever às segundas-feiras na
Ilustrada e às sextas neste espaço
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