São Paulo, quarta-feira, 25 de outubro de 2000

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URBANIDADE

O factóide mais alto do mundo

GILBERTO DIMENSTEIN

Transformado em notícia nos principais jornais dos Estados Unidos e da Europa, ao anunciar que construiria em São Paulo o prédio mais alto do mundo, o empresário Mario Garnero acaba de perder os financiadores.
Quando voltar esta semana de Paris, Garnero, presidente do Conselho de Administração do Grupo Brasilinvest, vai informar que desapareceu o apoio de R$ 3 bilhões, previsto em protocolo assinado em agosto de 1999.
Imaginado como símbolo da cidade e batizado de "Maharishi São Paulo Tower", a construção piramidal teria 510 metros de altura e 108 andares, montada no centro deteriorado da cidade, no Pari: hotéis, universidade, centro de convenções e espaço para residência, servidos pelo metrô.
Segundo os responsáveis pela obra, seriam gerados 40 mil empregos diretos e indiretos.
"Estou desolado. Não acreditava nesse desfecho", desabafou ontem por telefone. Numa reunião em Nova York, sexta passada, os executivos do MGDF (Maharishi Global Development Fund) informaram que não querem mais perder tempo e dinheiro.
Já desembolsaram US$ 20 milhões; parte deles para pagar o projeto arquitetônico, de Minoru Yamasaki, autor do World Trade Center, em Nova York.
As desventuras do projeto começaram com a descoberta da máfia da propina. Antes do escândalo, Garnero tinha recebido apoio de Celso Pitta, a quem caberia enviar à Câmara Municipal projeto para as desapropriações, estimadas em R$ 200 milhões.
Cercado de investigações e ameaçado de impeachment, Pitta se esqueceu da obra. A paciência dos financiadores foi terminando e se esgotou de vez quando colheram informações de que os candidatos à prefeitura, especialmente Paulo Maluf e Marta Suplicy, não iriam abraçar o projeto.
Criado pelo guru dos Beatles (Maharishi Mahesh Yogi) na década de 60, o fundo, com negócios em 16 países, não quer sair no prejuízo. O projeto deve ser transferido para Dallas (EUA) ou Johannesburgo (África do Sul).
Nem tudo, porém, é má notícia para o empresário. Quando começou a articular o ex-prédio mais alto do mundo, ele fez um seguro, na hipótese de fracasso. Graças à cautela, ganhará cerca de R$ 18 milhões como indenização pelo tempo e energias gastos.



E-mail - gdimen@uol.com.br


A partir desta semana, Barbara Gancia passa a escrever às segundas-feiras na Ilustrada e às sextas neste espaço

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