UOL


São Paulo, sábado, 25 de outubro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SEGURANÇA

Sasquati estava foragido desde 2002, quando escapou da cadeia

Arrecadador de dinheiro do PCC é preso no interior

Marcos Peron/Folha Imagem
Sasquati é conduzido à Delegacia Anti-Sequestros de Campinas


DIOGO PINHEIRO
DA FOLHA CAMPINAS

A polícia de São Paulo prendeu, ontem, em Itapetininga (163 km de São Paulo), Manoel Alves da Silva, 31, o Sasquati, considerado um dos homens fortes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) que agia fora dos presídios. Silva era, como ele mesmo declarou, o arrecadador de recursos para a organização.
"Eu sou do PCC. Quando eu estava na rua, eu procurava ajudar. Eu arrumava grana para as famílias [de membros da facção que estão presos], mas eu não faço mais nada. Faz tempo que eu não tenho contato com o PCC. Não que eles me deixaram. Minha situação está muito complicada. Eu não poderia fazer nada para eles, e eles não poderiam fazer nada por mim", disse em entrevista.
Sasquati é suspeito de ter participado de atentados contra postos policiais na região de Campinas no ano passado -quando três agentes foram mortos-, de ter ligação com a tentativa explosão do prédio da Bovespa, em outubro de 2002, de agir em sequestros e de ameaçar juízes. Ele nega ter participado dessas ações.
Tem mais de 20 anos de reclusão para cumprir por homicídios, roubos e narcotráfico.
"Sasquati é um bicho com os pés grandes. Eu nunca gostei desse apelido, mas tenho que aturar", comentou Silva.
O apelido vem do inglês "sasquatch", mais conhecido como pé grande, primata de existência não comprovada que habitaria as montanhas geladas entre o Canadá e o Alasca (EUA). No Brasil, a palavra "sasquatch" foi difundida por um desenho cujo personagem tinha essa característica.
"Eu ia para a escola com o sapato do meu irmão, que era grande. Aí, todo mundo passou a me chamar de Sasquati. Quando isso acontecia, eu partia para a briga."
Segundo o promotor Márcio Sérgio Christino, Sasquati não é um "general" do PCC, que participa das decisões da organização criminosa, mas tem papel importante dentro da facção. "Até onde se sabe, ele é um intermediário."
Sasquati é considerado peça importante nas investigações da Promotoria sobre a "internacionalização" do PCC. Quando foi preso pela última vez, em uma favela na periferia de São Paulo, ele carregava pesos colombianos e bolivianos, indícios de que ele estaria envolvido com o tráfico internacional de drogas e armas.
Sasquati estava foragido desde de março de 2002, quando foi resgatado do Cadeião de Pinheiros (zona oeste de São Paulo) por dez homens armados, vestidos com coletes da Polícia Civil.
O arrecadador do PCC foi preso por volta das 7h quando dormia, em uma casa de um bairro de classe média de Itapetininga, onde estava escondido havia cinco meses, com sua mulher e sua filha de quatro anos. Onze policiais participaram da operação.
Segundo policiais, Sasquati não reagiu, mas teria utilizado sua filha como escudo, após escutar o estrondo de uma bomba de efeito moral usada para intimidá-lo.

Colaborou ALESSANDRO SILVA, da Reportagem Local


Texto Anterior: Morre aos 105, em NY, a madame Chiang Kai-shek
Próximo Texto: Sasquati nega ter participado de atentados
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.