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CHACINA
Caio Ferraz saiu do país porque era ameaçado e faz faxina
Sociólogo que organizou Vigário Geral vive hoje sob asilo nos EUA
FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio
Quatro anos depois de criar a Casa da Paz, a entidade que ajudou a
organizar os moradores de Vigário
Geral depois das 21 mortes na favela, em 1993, o sociólogo Caio Ferraz pediu asilo nos Estados Unidos
e faz faxina para ganhar a vida.
Em entrevista pelo telefone à Folha, Caio Ferraz, 29, disse que recebeu asilo político em junho e que
até hoje teme ser morto.
Amanhã, ele acompanhará, pela
home page da Casa da Paz, o julgamento do ex-PM Arlindo Maginário, por participação na chacina.
Folha - Por que o sr. pediu asilo?
Caio Ferraz - Desde que eu comecei a receber ameaças no Brasil,
eu disse que pediria asilo nem que
fosse na Bósnia. Eu não quero ser
assassinado. A Justiça brasileira
não investiga nada, não vê a violação dos direitos do cidadão. (...)
Mas eu ainda me sinto inseguro
mesmo nos Estados Unidos.
Folha - Por que?
Ferraz - Porque a elite brasileira
é hipócrita. (...) É uma elite que teve coragem de dar um prêmio de
direitos humanos a uma instituição como a Casa da Paz e ignorou
as ameaças que eu estava sofrendo.
Folha - O sr. pretende voltar para
o Brasil?
Ferraz - Pra quê? Eu pretendo ir
ao cemitério, dar um alô para o
meu pai, que morreu no ano passado. Parece simples para o Brasil,
acham que eu me exilei porque eu
quero.
Folha - O que o sr. espera do julgamento (amanhã)?
Ferraz - Eu espero que haja justiça. Não precisa ser uma condenação de 400 anos, é ridículo. Eu espero o reconhecimento de que é
preciso indenizar as famílias.
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