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CORTE CIRÚRGICO
Medida afeta comissões de 79 funcionários, mas ainda há servidor ganhando cerca de R$ 30 mil por mês
Câmara reduz salários pagos nos gabinetes
PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A presidência da Câmara de
São Paulo reduziu os gastos com a
folha de pagamento em cerca de
R$ 500 mil por mês, através de resolução baixada ontem, mas gerou protestos dos vereadores, que
vêem ilegalidade no modo como a
medida foi feita. Apesar do corte,
os salários mensais mais altos do
Legislativo paulistano ainda giram em torno de R$ 30 mil.
O presidente da Câmara, Arselino Tatto (PT), cortou, por uma
resolução da Mesa Diretora, gratificações dos salários de 79 funcionários. Em média, a queda foi de
50% em vencimentos que variam
de R$ 10 mil a R$ 18 mil.
Assinaram o texto apenas 2 dos
5 integrantes da Mesa -Tatto e
Carlos Apolinário (PDT).
O vereador Antonio Salim Curiati (sem partido) foi à tribuna
apontar a ""ilegalidade" da decisão. "Por melhor que seja o mérito, é um ato nulo, perigoso, porque a direção administrativa [da
Câmara] é plural", afirmou. Ele
foi vice na chapa derrotada de
Paulo Maluf (PP) à prefeitura.
Os funcionários afetados pelo
corte disseram que vão recorrer à
Justiça para barrar a medida.
Tatto defende que, apesar de o
regimento realmente impor que
fosse uma decisão da maioria (tomada por 3 dos 5 membros da
Mesa), sua atribuição como presidente é cuidar das finanças, também prevista no código interno.
Reforma e gastos
A Câmara gasta quase R$ 15 milhões por mês para pagar salários
a cerca de 2.000 funcionários. No
final de agosto de 2003, os vereadores aprovaram uma reforma
administrativa com o objetivo de
cortar gastos e supersalários, que
chegavam a até R$ 48 mil por mês.
Apesar disso, os custos pouco
caíram nos primeiros meses. Na
verdade, a folha até cresceu, ainda
que num ritmo muito menos acelerado do que vinha ocorrendo.
De 2001 para 2002, a alta foi de
8%, de R$ 177 milhões para R$ 192
milhões por ano. De 2002 para
2003, quando foi implementada a
reforma, o crescimento foi de 1%.
Neste ano, Tatto espera que o índice fique abaixo do de 2003.
Há dois principais motivos para
a perpetuação dos altos patamares. Um deles é que alguns salários estão amparados por decisões judiciais.
O outro fator pode ter sido provocado pela própria reorganização de carreiras e salários prevista
na reforma. Os servidores, ativos
e inativos, puderam optar pela
antiga ou pela nova carreira. Ao
escolher mudar de categoria, alguns dobraram os salários.
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