São Paulo, domingo, 25 de novembro de 2007

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Ômega 3 ajuda a prevenir Alzheimer, diz pesquisa

Cientistas apontam novas descobertas sobre os benefícios da dieta do mediterrâneo para evitar ou tratar doenças degenerativas de funções cerebrais

MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Verduras, frutas, peixe e alguns óleos estão sempre nos cardápios indicados por médicos em razão dos benefícios à saúde, e recentes estudos mostraram novas propriedades da chamada "dieta do mediterrâneo" no combate a problemas de degeneração das funções cerebrais, como o Alzheimer.
O destaque fica por conta do ômega 3, uma gordura presente na maioria desses alimentos.
Segundo uma pesquisa publicada este mês na revista da Associação Americana de Neurologia, o risco de pessoas que consumiam regularmente óleos de canola, de linhaça e de nozes- todos ricos em ômega 3- terem qualquer tipo de degeneração da função cerebral foi 54% menor em relação aos que não tinham esse hábito.
Além disso, quem consumia peixe -outra fonte da substância- ao menos uma vez por semana teve 35% menos chances de desenvolver Alzheimer.
O estudo analisou 8.085 pessoas com mais de 65 anos e residentes em três cidades francesas. Elas foram acompanhadas por mais de três anos e, inicialmente, não tinham nenhum problema neurológico.
De acordo com o geriatra e professor do Centro Universitário Lusíada de Santos, Alberto de Macedo Soares, isso acontece porque o ômega 3 pode propiciar proteção vascular ao cérebro. "Não sabemos o que causa o Alzheimer, mas o ômega 3 deve criar uma proteção, assim como faz com o coração."
Outra possível explicação é que uma dieta rica em ômega 3 poderia interferir na produção da beta amilóide -proteína que se acumula no cérebro e que acarreta efeitos tóxicos sobre os neurônios.
A nova descoberta sobre o ômega 3 revela mais uma de suas propriedades. Outros estudos já haviam destacado a possibilidade de a gordura ser benéfica no tratamento de doenças cardiovasculares e como um antiinflamatório.
Como ele, outras substâncias ajudam a prevenir demências. É o caso das frutas e verduras, que reduziram em 28% o risco de problemas de degeneração cerebral em pessoas que tinham uma dieta com presença significativa desses alimentos.
Segundo o estudo, conduzido pelo cientista da Universidade de Bordeaux Pascale Barberger-Gateau, "isso pode ser atribuído aos antioxidantes presentes nesses alimentos, como a vitamina C". Eles diminuem a ação danosa dos radicais livres.
Tanto frutas e verduras como peixes e óleos são a base da dieta do mediterrâneo. Ela é considerada um dos fatores responsáveis pela longevidade dos povos do entorno do Mar Mediterrâneo e ajuda a evitar problemas de peso, diabetes, colesterol e do sistema circulatório.
Segundo Paulo Caramelli, do Departamento de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia, os médicos geralmente aconselham "exercícios físicos e uma dieta saudável, que pode ser semelhante à do mediterrâneo, com pouca carne vermelha. Essa alimentação oferece inúmeros benefícios à saúde."

Tratamento
Outra descoberta recente que relacionou Alzheimer à dieta do mediterrâneo foi que esse tipo de alimentação pode retardar a progressão da doença em quem já a possui.
Um estudo feito por pesquisadores em Nova York e também publicado na "Neurology", em setembro, mostrou que quem fazia esse tipo de dieta "ganhou" 21% menos chances de morrer a cada ponto que somou em uma escala de 0 a 9, que indicava menor ou maior adesão à dieta do mediterrâneo, respectivamente.
"Como não há uma cura para o Alzheimer, isso pode servir para retardar sua evolução. "Isso só reforça os benefícios que esse tipo de alimentação tem para o funcionamento cognitivo, tanto na prevenção como em quem apresenta sintomas", afirma Caramelli.


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