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Ômega 3 ajuda a prevenir Alzheimer, diz pesquisa
Cientistas apontam novas descobertas sobre os benefícios da dieta do mediterrâneo para evitar ou tratar doenças degenerativas de funções cerebrais
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Verduras, frutas, peixe e alguns óleos estão sempre nos
cardápios indicados por médicos em razão dos benefícios à
saúde, e recentes estudos mostraram novas propriedades da
chamada "dieta do mediterrâneo" no combate a problemas
de degeneração das funções cerebrais, como o Alzheimer.
O destaque fica por conta do
ômega 3, uma gordura presente
na maioria desses alimentos.
Segundo uma pesquisa publicada este mês na revista da
Associação Americana de Neurologia, o risco de pessoas que
consumiam regularmente
óleos de canola, de linhaça e de
nozes- todos ricos em ômega
3- terem qualquer tipo de degeneração da função cerebral
foi 54% menor em relação aos
que não tinham esse hábito.
Além disso, quem consumia
peixe -outra fonte da substância- ao menos uma vez por semana teve 35% menos chances
de desenvolver Alzheimer.
O estudo analisou 8.085 pessoas com mais de 65 anos e residentes em três cidades francesas. Elas foram acompanhadas por mais de três anos e, inicialmente, não tinham nenhum problema neurológico.
De acordo com o geriatra e
professor do Centro Universitário Lusíada de Santos, Alberto de Macedo Soares, isso acontece porque o ômega 3 pode
propiciar proteção vascular ao
cérebro. "Não sabemos o que
causa o Alzheimer, mas o ômega 3 deve criar uma proteção,
assim como faz com o coração."
Outra possível explicação é
que uma dieta rica em ômega 3
poderia interferir na produção
da beta amilóide -proteína que
se acumula no cérebro e que
acarreta efeitos tóxicos sobre
os neurônios.
A nova descoberta sobre o
ômega 3 revela mais uma de
suas propriedades. Outros estudos já haviam destacado a
possibilidade de a gordura ser
benéfica no tratamento de
doenças cardiovasculares e como um antiinflamatório.
Como ele, outras substâncias
ajudam a prevenir demências.
É o caso das frutas e verduras,
que reduziram em 28% o risco
de problemas de degeneração
cerebral em pessoas que tinham uma dieta com presença
significativa desses alimentos.
Segundo o estudo, conduzido
pelo cientista da Universidade
de Bordeaux Pascale Barberger-Gateau, "isso pode ser atribuído aos antioxidantes presentes nesses alimentos, como
a vitamina C". Eles diminuem a
ação danosa dos radicais livres.
Tanto frutas e verduras como
peixes e óleos são a base da dieta do mediterrâneo. Ela é considerada um dos fatores responsáveis pela longevidade dos
povos do entorno do Mar Mediterrâneo e ajuda a evitar problemas de peso, diabetes, colesterol e do sistema circulatório.
Segundo Paulo Caramelli, do
Departamento de Neurologia
Cognitiva e do Envelhecimento
da Academia Brasileira de Neurologia, os médicos geralmente
aconselham "exercícios físicos
e uma dieta saudável, que pode
ser semelhante à do mediterrâneo, com pouca carne vermelha. Essa alimentação oferece
inúmeros benefícios à saúde."
Tratamento
Outra descoberta recente
que relacionou Alzheimer à
dieta do mediterrâneo foi que
esse tipo de alimentação pode
retardar a progressão da doença em quem já a possui.
Um estudo feito por pesquisadores em Nova York e também publicado na "Neurology",
em setembro, mostrou que
quem fazia esse tipo de dieta
"ganhou" 21% menos chances
de morrer a cada ponto que somou em uma escala de 0 a 9,
que indicava menor ou maior
adesão à dieta do mediterrâneo, respectivamente.
"Como não há uma cura para
o Alzheimer, isso pode servir
para retardar sua evolução. "Isso só reforça os benefícios que
esse tipo de alimentação tem
para o funcionamento cognitivo, tanto na prevenção como
em quem apresenta sintomas",
afirma Caramelli.
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