São Paulo, quinta-feira, 25 de novembro de 2010

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RIO SOB ATAQUE

Beltrame culpa falhas no sistema prisional

Secretário quer mudar regra de visitas a presos

Oito criminosos do Rio são transferidos do Complexo de Bangu para presídio de segurança máxima

HUDSON CORRÊA
DO RIO

O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, responsabilizou o sistema penitenciário pelos ataques feitos por criminosos desde o final de semana.
Há indícios de que a ordem para as ações tenha saído da penitenciária federal de Catanduvas (a 487 km de Curitiba), onde estão líderes do CV (Comando Vermelho).
"Como um chefe de crime, dentro de um estabelecimento prisional, comanda os negócios como se estivesse na sua área?", disse Beltrame em entrevista à TV Globo.
Ele defendeu mudança no sistema de visitas a presidiários -as ordens teriam sido levadas ao Rio por visitantes dos presos. "Isso só vai mudar se a sociedade organizada cobrar do sistema uma mudança com urgência."
Segundo o juiz-corregedor da penitenciária, Nivaldo Brunoni, os presos do Rio em Catanduvas serão removidos para Porto Velho (RO).
A transferência, conforme o juiz, foi decidida em agosto porque eles estão há mais de três anos em Catanduvas. "O [caso do] Rio só acelerou a medida", afirmou. Os primeiros removidos serão Marcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, e Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco.
Brunoni disse que não tem como garantir "que a ordem não saiu do presídio". "Posso dizer o seguinte: há indícios", relatou, citando duas cartas, contendo plano de ataques, apreendidas em outubro com uma visitante.
Os bilhetes eram dirigidos a dois chefes do CV. Após a descoberta das cartas, ambos ficaram isolados dos demais internos, mas mantiveram direito às visitas íntimas e de familiares. Segundo o juiz, visitantes podem ter levado recados a internos de presídios do Rio, que os teriam retransmitido a traficantes nas favelas.
"Vai de boca em boca. Dá para concluir que um presídio de segurança máxima tem de tirar todos os direitos, inclusive o de visita íntima."
Sandro Torres Avelar, diretor do Sistema Penitenciário Federal, disse que "não se pode garantir que não haja orientação [dos presos] para que se cumpra alguma ordem fora", mas defendeu a segurança nos estabelecimentos. "Os presídios têm aparelhos de raio X, câmeras e agentes penitenciários preparados. Não há falhas no sistema", afirmou.
"As cartas [para os presos] foram detectadas pelo próprio sistema, a penitenciária de Catanduvas. Nós avisamos a Secretaria de Segurança do Rio e a Polícia Federal para que tomassem as medidas pertinentes", disse.

TRANSFERÊNCIAS
O ministro Luiz Paulo Barreto (Justiça) disse que ofereceu até 50 vagas nas penitenciárias caso o governo do Rio queira fazer transferências.
No final da noite de ontem, estavam sendo transferidos, com o apoio da Marinha e da Aeronáutica, oito internos do Complexo de Bangu, zona oeste, para Catanduvas.
O governo disse que fez um acordo com a Justiça estadual para que todos os que forem presos nas operações desses dias sejam transferidos automaticamente para presídios federais, o que já deve acontecer com os dois presos em Copacabana.


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