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RIO SOB ATAQUE
Beltrame culpa falhas no sistema prisional
Secretário quer mudar regra de visitas a presos
Oito criminosos do Rio são transferidos do Complexo de Bangu para presídio de segurança máxima
HUDSON CORRÊA
DO RIO
O secretário de Segurança
do Rio, José Mariano Beltrame, responsabilizou o sistema penitenciário pelos ataques feitos por criminosos
desde o final de semana.
Há indícios de que a ordem
para as ações tenha saído da
penitenciária federal de Catanduvas (a 487 km de Curitiba), onde estão líderes do CV
(Comando Vermelho).
"Como um chefe de crime,
dentro de um estabelecimento prisional, comanda os negócios como se estivesse na
sua área?", disse Beltrame
em entrevista à TV Globo.
Ele defendeu mudança no
sistema de visitas a presidiários -as ordens teriam sido
levadas ao Rio por visitantes
dos presos. "Isso só vai mudar se a sociedade organizada cobrar do sistema uma
mudança com urgência."
Segundo o juiz-corregedor
da penitenciária, Nivaldo
Brunoni, os presos do Rio em
Catanduvas serão removidos
para Porto Velho (RO).
A transferência, conforme
o juiz, foi decidida em agosto
porque eles estão há mais de
três anos em Catanduvas. "O
[caso do] Rio só acelerou a
medida", afirmou. Os primeiros removidos serão Marcio
dos Santos Nepomuceno, o
Marcinho VP, e Elias Pereira
da Silva, o Elias Maluco.
Brunoni disse que não tem
como garantir "que a ordem
não saiu do presídio". "Posso
dizer o seguinte: há indícios", relatou, citando duas
cartas, contendo plano de
ataques, apreendidas em outubro com uma visitante.
Os bilhetes eram dirigidos
a dois chefes do CV. Após a
descoberta das cartas, ambos ficaram isolados dos demais internos, mas mantiveram direito às visitas íntimas
e de familiares. Segundo o
juiz, visitantes podem ter levado recados a internos de
presídios do Rio, que os teriam retransmitido a traficantes nas favelas.
"Vai de boca em boca. Dá
para concluir que um presídio de segurança máxima
tem de tirar todos os direitos,
inclusive o de visita íntima."
Sandro Torres Avelar, diretor do Sistema Penitenciário
Federal, disse que "não se
pode garantir que não haja
orientação [dos presos] para
que se cumpra alguma ordem fora", mas defendeu a
segurança nos estabelecimentos. "Os presídios têm
aparelhos de raio X, câmeras
e agentes penitenciários preparados. Não há falhas no
sistema", afirmou.
"As cartas [para os presos]
foram detectadas pelo próprio sistema, a penitenciária
de Catanduvas. Nós avisamos a Secretaria de Segurança do Rio e a Polícia Federal
para que tomassem as medidas pertinentes", disse.
TRANSFERÊNCIAS
O ministro Luiz Paulo Barreto (Justiça) disse que ofereceu até 50 vagas nas penitenciárias caso o governo do Rio
queira fazer transferências.
No final da noite de ontem,
estavam sendo transferidos,
com o apoio da Marinha e da
Aeronáutica, oito internos do
Complexo de Bangu, zona
oeste, para Catanduvas.
O governo disse que fez
um acordo com a Justiça estadual para que todos os que
forem presos nas operações
desses dias sejam transferidos automaticamente para
presídios federais, o que já
deve acontecer com os dois
presos em Copacabana.
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