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Impasse na Câmara trava projetos de Kassab
Prefeito pede diálogo a líderes, mas eleição da Mesa barra outra votação
Contra candidato do DEM, Kassab se torna personagem-chave da disputa pela direção da Casa no próximo ano
JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO
A eleição para a Mesa Diretora da Câmara de São Paulo
provocou ontem mais um
bloqueio das votações pela
oposição ao prefeito Gilberto
Kassab, que virou personagem-chave da disputa.
Os bloqueios vêm ocorrendo há uma semana, mas o de
ontem se deu mesmo após
Kassab ter reunido em seu
gabinete três pesos-pesados
da eleição e pedido diálogo.
Participaram da reunião o
atual presidente da Casa, Antonio Carlos Rodrigues (PR),
e os prováveis candidatos José Police Neto (PSDB) e Milton Leite (DEM).
O nó da eleição pode ser
ilustrado assim: o PT, maior
partido da oposição, apoia o
candidato do DEM, enquanto
Kassab, que é do DEM, banca
o tucano com apoio de vereadores do PCdoB e do PSB.
Police é líder do prefeito na
Câmara. Milton Leite, um dos
mais influentes da Casa, é do
Centrão, bloco que reúne ao
menos 15 parlamentares de
PR, PMDB, PV, PP e PTB e
que dificulta a vida de Kassab no Legislativo. Já o PT
tem 11 dos 55 vereadores.
Insatisfeitos com a atuação do prefeito no processo,
PT e Centrão impedem a votação de seus projetos.
Ontem, a pauta tinha um
deles: o que autoriza a concessão da exploração de publicidade em mil relógios digitais e 25 mil abrigos de ônibus, negócio que renderia à
prefeitura R$ 2,4 bilhões.
A sessão ordinária durou
11 minutos. Foi interrompida
quando um dos líderes do
Centrão, Roberto Tripoli
(PV), e João Antônio (PT) pediram verificação de quorum, expediente utilizado
para encerrar a sessão -parlamentares não registram
presença e o quorum de 19
vereadores não é atingido.
Já a sessão extraordinária,
que votaria a concessão de
publicidade, terminou em
cinco minutos, após pedido
de outro líder do Centrão,
Aurélio Miguel (PR).
MOTIVOS
Kassab quer impedir que a
oposição controle a Casa em
2011 para aprovar projetos de
seu interesse e viabilizar a
aliança que tenta construir.
Ele negocia com PMDB -para onde iria-, PSB, PDT e
PCdoB. Tenta ainda levar para o PMDB aliados do DEM.
A interferência do prefeito
pode ser decisiva numa disputa apertada: oposição e situação avaliam que o lado
que perder terá ao menos 25
dos 55 votos da Câmara.
O impasse impede a votação de outros projetos, como
o que reajusta os salários de
prefeito e secretários, o que
dá aumento salarial à Guarda Civil Metropolitana e o
que cria 8.000 cargos de professores na rede municipal.
O único que deve ser votado -e só após a eleição, no
dia 15 de dezembro- é o que
fixa o Orçamento para 2011.
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