São Paulo, terça, 25 de novembro de 1997.



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Falta de remédio pode levar à morte

RITA NAZARETH
da Reportagem Local

De acordo com os médicos entrevistados ontem pela Folha, a interrupção do uso de remédios por doentes pode causar desde um simples incômodo a um avanço da moléstia e até a morte.
O endocrinologista Alfredo Halpern, da Universidade de São Paulo, afirma que a desmopressina é um antidiurético recomendado a pessoas com diabetes do tipo insípido. "Esses indivíduos têm falta de um hormônio que segura a urina nos rins", diz Halpern.
Ele também explica que, no caso da suspensão do tratamento, o diabético teria de acordar à noite e passar o dia inteiro indo ao banheiro. "Mesmo se tentasse repor a água, não conseguiria, porque são muitos litros perdidos, inclusive no suor."
Segundo o presidente do Departamento de Neuroendocrinologia da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, enquanto uma pessoa normal perde entre um litro e meio e dois litros de água por dia, uma pessoa com diabetes insípido perde entre quatro e dez litros.
"A desmopressina, apesar de ter um alto custo (veja quadro), é imprescindível", diz o médico Marcelo Bronstein. "A desidratação poderia levar indivíduos com diabetes insípido à morte."
Agravo
Já em relação aos medicamentos ministrados contra o câncer, os médicos entrevistados foram unânimes em dizer que pode haver um agravamento da doença no caso de suspensão dos remédios.
"O Novaldex e o Androcur são bloqueadores hormonais, para mulheres e homens respectivamente", diz o oncologista Moses Zitron, médico do Hospital do Câncer durante 35 anos. "Com a interrupção, o tumor, que estava sendo controlado, avança."
"E não são doses pequenas que as pessoas tomam", diz o urologista Miguel Srougi, da Escola Paulista de Medicina. "Um paciente costuma tomar de três a seis comprimidos por dia."
Para o cardiologista Dikran Armaganijan, chefe da sessão médica de coronariopatia do Instituto Dante Pazzanese, a suspensão dos remédios para a pressão alta e doenças do coração pode causar desde complicações renais até problemas cerebrais, pulmonares e cardíacos.
"A interrupção deve ser paulatina", diz Armaganijan. "A sobrecarga cardíaca, provocada pela suspensão de medicamentos, pode levar a desde um edema agudo pulmonar até a um derrame ou um infarto do miocárdio."



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