São Paulo, quarta-feira, 25 de dezembro de 2002

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Bordados auxiliam jovens em SP

DA REPORTAGEM LOCAL

As aulas de blackwork, ponto de cruz e hardanger -principais técnicas de bordado com fios contados- dadas na sede do Grupo Primavera, em Campinas (99 km de SP), estão mudando, por ano, o destino de cerca de 250 jovens entre 11 e 14 anos, moradoras do Jardim São Marcos e Jardim Campineiro, bairros violentos da cidade.
A atividade, praticada quando as meninas não estão na escola, ensina-lhes um ofício, disciplina, organização, raciocínio lógico, senso de comunidade e, mantendo-as longe das drogas, da violência e da gravidez precoce, sustenta Alice Souto Benetti, 68, professora aposentada de matemática que, há três anos, decidiu reformular as aulas de bordado da entidade.
Benetti conta que buscou "alavancar" as jovens. "O bordado é usado como forma de prepará-las para a vida, de dar a elas habilidades que certamente não seriam desenvolvidas de outra maneira."
E foi por meio dos fios contados que meninas como Elisângela Misael da Silva e Natália Bueno, ambas de 16 anos, podem hoje sonhar em ser psicólogas. Elas terminaram o período de aprendizado no Grupo Primavera, vão estudar costura industrial numa escola técnica de Campinas e querem prestar vestibular.
As adolescentes passam, em média, quatro anos estudando bordado, fazendo outras oficinas (dança, teatro e música) e tendo aulas de português e informática.
"Minha irmã parou de estudar no primeiro ano [do ensino médio", com 17 anos, porque ficou grávida. Hoje, com 18, ela diz que se arrepende. Eu não quero isso para mim", afirma Bueno. "As meninas daqui engravidam ou se envolvem com drogas porque não dão atenção ao futuro", diz Silva, que tem outras duas irmãs menores no Grupo Primavera.
Muitas jovens acabam ficando na oficina da entidade, que produz, além dos bordados, bonecas e cartões, vendidos numa loja no Cambuí (bairro de classe média alta de Campinas), em um quiosque no shopping Iguatemi de Campinas e no shopping Villa-Lobos (zona oeste de SP). (MV)


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