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Bordados auxiliam jovens em SP
DA REPORTAGEM LOCAL
As aulas de blackwork, ponto
de cruz e hardanger -principais
técnicas de bordado com fios contados- dadas na sede do Grupo
Primavera, em Campinas (99 km
de SP), estão mudando, por ano, o
destino de cerca de 250 jovens entre 11 e 14 anos, moradoras do Jardim São Marcos e Jardim Campineiro, bairros violentos da cidade.
A atividade, praticada quando
as meninas não estão na escola,
ensina-lhes um ofício, disciplina,
organização, raciocínio lógico,
senso de comunidade e, mantendo-as longe das drogas, da violência e da gravidez precoce, sustenta
Alice Souto Benetti, 68, professora
aposentada de matemática que,
há três anos, decidiu reformular
as aulas de bordado da entidade.
Benetti conta que buscou "alavancar" as jovens. "O bordado é
usado como forma de prepará-las
para a vida, de dar a elas habilidades que certamente não seriam
desenvolvidas de outra maneira."
E foi por meio dos fios contados
que meninas como Elisângela Misael da Silva e Natália Bueno, ambas de 16 anos, podem hoje sonhar em ser psicólogas. Elas terminaram o período de aprendizado no Grupo Primavera, vão estudar costura industrial numa escola técnica de Campinas e querem
prestar vestibular.
As adolescentes passam, em
média, quatro anos estudando
bordado, fazendo outras oficinas
(dança, teatro e música) e tendo
aulas de português e informática.
"Minha irmã parou de estudar
no primeiro ano [do ensino médio", com 17 anos, porque ficou
grávida. Hoje, com 18, ela diz que
se arrepende. Eu não quero isso
para mim", afirma Bueno. "As
meninas daqui engravidam ou se
envolvem com drogas porque
não dão atenção ao futuro", diz
Silva, que tem outras duas irmãs
menores no Grupo Primavera.
Muitas jovens acabam ficando
na oficina da entidade, que produz, além dos bordados, bonecas
e cartões, vendidos numa loja no
Cambuí (bairro de classe média
alta de Campinas), em um quiosque no shopping Iguatemi de
Campinas e no shopping Villa-Lobos (zona oeste de SP).
(MV)
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