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URBANISMO
Após seis anos de restauro de prédios históricos e de investimentos, área histórica da cidade permanece vazia
Santos resgata boemia para revitalizar centro
SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A cidade de Santos, no litoral sul
de São Paulo, resolveu apostar no
resgate da boemia para revitalizar
o centro histórico, que um dia já
foi palco de artistas como a cantora Carmen Miranda e a atriz francesa Sarah Bernhardt.
A decisão parte da experiência
santista na área. Após seis anos
durante os quais restaurou prédios históricos e fez investimentos, como a construção de uma linha de bonde com 1,7 km de extensão, a cidade tem um centro
próximo do impecável em relação
ao de São Paulo -porém vazio.
A aposta na noite começou a
ocupar a atenção da prefeitura há
cerca de dois anos. Programas de
atração de novos estabelecimentos foram desenvolvidos, mas
poucos empresários se dispuseram a aceitá-los até agora.
Por isso, a administração partiu
para uma nova pauta, que inclui
da reforma da parte mais antiga
do porto a incentivos fiscais ainda
mais atraentes. Há um ano parado na Câmara Municipal, o programa Alegra Centro criou polêmica (leia texto nesta página).
As ruas 15 de Novembro e do
Comércio, das mais antigas da cidade, são as primeiras a perceber
o novo posicionamento da prefeitura. Na próxima sexta-feira, será
inaugurada oficialmente a iluminação especial das vias, com 79
postes antigos e duas luminárias
de vapor de sódio cada um.
A nova iluminação, de tom
amarelado, transformou o local
numa espécie de cenário de época. Os casarões, de em média 110
anos, são iluminados com 35 refletores de piso. O estilo arquitetônico predominante do centro
santista é o eclético, uma mistura
de várias escolas. Algumas construções, exageradamente ornadas, refletem o dinheiro que circulava no período do café.
As primeiras iniciativas conseguiram atrair alguns empresários
da cidade. Na região do antigo
Teatro Coliseu, prédio de 1836 onde se apresentou de Carmen Miranda a Villa-Lobos, a casa noturna Mythos virou referência em
apenas dois anos de vida.
A fórmula dos proprietários foi
misturar música tecno e o restauro da antiga sede da telefônica de
Santos, um prédio da década de
30 com três pavimentos. DJs como o inglês Paul Oakenfold são as
atrações que a casa já exibiu. A diretora de marketing da Mythos,
Veridiana Paullela Castanho,
aposta no fim do restauro do Coliseu, previsto para março, para incrementar ainda mais a região.
Próxima da Mythos, na rua da
Constituição, será inaugurada a
casa noturna Dot.com. A nova
atração foi construída na antiga
sede da fábrica de bananadas Lionesa, instituição centenária da cidade que prosperou na época em
que a cantora do Teatro Coliseu
usava turbante de bananas.
"Eu tanto acredito na revitalização do centro que estou lá há um
ano", diz o empresário Angelo Silva, que abriu um café e uma boate
na rua 15 de Novembro. Com decoração inspirada em bistrôs
franceses, o café Atrium e o Retrô
Lounge ocupam um casarão de
110 anos, antes abandonado.
"Em qualquer lugar do mundo,
o retorno ao centro, à história da
cidade, foi feito com muito êxito.
Santos é uma ilha, não tem onde
construir nada novo. Tem de recuperar o que tem", considera.
O processo iniciou-se com a reforma do prédio da Bolsa do Café,
que consumiu R$ 3,5 milhões do
governo do Estado. De acordo
com o prefeito Beto Mansur
(PPB), até hoje a cidade investiu
R$ 21,5 milhões. Outras obras já
estão previstas.
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