São Paulo, segunda-feira, 26 de janeiro de 2004

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Principal atração do evento de encerramento dos festejos, cantora negou ter criticado São Paulo

Público acompanhou show em vários pontos e até de prédios ao redor do vale do Anhangabaú

Sob a chuva, 200 mil aplaudem Rita Lee

Sérgio Lima/Folha Imagem
A cantora Rita Lee, enrolada numa fantasia de cobra para cantar "Erva Venenosa" em show pelos 450 anos, no vale do Anhangabaú


DA REPORTAGEM LOCAL

Debaixo de chuva forte, que depois ficou fina mas interminável, mais de 200 mil pessoas acompanharam no vale do Anhangabaú, na noite de ontem, ao show de Rita Lee e convidados. O espetáculo, que terminaria com uma chuva de prata lembrando o mesmo show de 50 anos atrás, encerrou a maratona de festejos pelo aniversário de 450 anos da cidade.
Montado quase embaixo do viaduto do Chá e bem ao lado da frente toda iluminada da nova sede da prefeitura, o palco dividia o público entre as rampas, divisórias e vias elevadas que compõe o vale. Mas telões colocados em diferentes pontos permitiam que as pessoas pulassem e dançassem mesmo de costas para o palco iluminado.
A chuva aumentou a venda de cervejas e grupos de jovens dividiam garrafas de vinho nos baixos do viaduto. Muita gente assistia ao show do alto dos prédios vizinhos e iluminados, inclusive o do Banespinha.
Para Rita Lee, foi uma oportunidade para refazer as pazes com os paulistanos. Dias antes, ela dissera no Rio que os paulistanos não sabiam fazer festa. Para se reconciliar, cantou "As Mina de Sampa", perguntando: "Como eu, que tenho 56 anos e estou aqui há 56 anos, posso falar mal de São Paulo, puta que o pariu?", perguntou ela, atribuindo as "fofocas" a uma imprensa reacionária.
Foi aplaudida e, aparentemente, perdoada. Já em músicas anteriores, ela tinha mostrado um amor generoso pelos paulistanos "Que pena, essa chuva, dá vontade de pegar vocês no colinho". Antes, tinha dito que "chuva era bom para acalmar o tesão. O tesão é o que estou sentindo em todos vocês."
A chuva, mais leve, animava ainda mais a multidão. De todo modo, segundo a Guarda Civil Metropolitana, 200 mil acompanharam todo o espetáculo.
Rita Lee, toda de vermelho e trocando de chapéu várias vezes, subiu ao palco às 20h30 carregando uma bandeira com a inscrição, em inglês, "eu amo São Paulo".

Clima de campanha
Meia hora depois, a festa ganhou contornos eleitorais, quando ela chamou ao palco a "amiga" e "competente" Marta Suplicy (PT). Não parou por aí. A cantora atacou os ex-prefeitos Celso Pitta (PSL) e Paulo Maluf (PP), culpando-os pela "destruição que fizeram na cidade". Não poupou seu palavrão preferido, "puta que o pariu", para, outra vez, defender Marta de forma indireta. "Não é fácil. Os homens são polêmicos, as mulheres são histéricas."
Marta, toda de azul, se limitou a dizer para a multidão: "A festa é de vocês. Viva São Paulo".
As reações foram as mais variadas, mas as vaias prevaleceram.
Rita Lee, que abrira seu show com a música "Jardins da Babilônia", cantou, sozinha, outra dezena de músicas, entremeando pedidos aos paulistanos, como "Vamos cuidar da cidade", "Vamos nos respeitar". "Respeitar todas as formas de vida."

Convidados
Às 21h40, Rita Lee chamou os Titãs, que começaram com "Flores" e terminaram com "Bichos Escrotos". Entre uma apresentação e outra, o show era animado pelos repentistas Castanha e Caju. Muita esperada e aplaudida foi Maria Rita, filha de Elis Regina.
O show continuou com Os Demônios da Garoa e o rapper Xis, mas a dispersão do público já tinha começado, pouco depois das 22h, quando os Titãs já tinham deixado o palco. A cantora Daniela Mercury, com participação da escola de samba Vai-Vai, fechou as apresentações. A baiana, que acompanhou Marta no caminhão abre-alas, voltou a cantar o hino dos 450 anos da cidade. Após o show, ocorreu a chuva de prata.
O evento teve momentos de paz: nenhuma ocorrência grave havia sido registrada até as 23h, segundo a polícia. Mas, no show de Daniela Mercury, 30 policiais correram atrás de um homem.



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