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Cresce adesão ao boicote do IPTU no Rio
Associações querem pagamento do imposto só em novembro para não ser usado em "obras eleitoreiras"
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
Cresce a adesão de associações de moradores de bairros
do Rio ao boicote contra o pagamento do IPTU em protesto
contra o suposto descaso do
prefeito Cesar Maia (DEM)
com a cidade e o risco de uso em
"obras eleitoreiras" do dinheiro arrecadado.
Já são ao menos 22 as associações de moradores que defendem o pagamento do IPTU
(Imposto Predial e Territorial
Urbano) apenas em novembro
ou em juízo, para que a o tributo não seja utilizado antes das
eleições municipais, em outubro. Panfletagem no Largo do
Machado (zona sul) ontem reuniu 20 pessoas, colhendo assinaturas de adesões.
Os líderes do movimento reclamam de favelização, má conservação da cidade e da desordem urbana. Maia atribui o
protesto à aproximação do período pré-eleitoral.
Prefeito em terceiro mandato, sendo dois consecutivos,
Maia afirma que o "protesto
político é risível, sem nenhuma
capilaridade ou apoio". "O problema é que elas [associações]
há muitos anos perderam a representatividade e mal reúnem
dez pessoas ao convocarem."
A idéia do "boicote" surgiu na
Associação de Moradores da
Fonte da Saudade, na Lagoa
Rodrigo de Freitas (zona sul),
com apoio da vereadora Aspásia Camargo (PV). Ela foi presidente da CPI da Desordem Urbana e um dos focos do trabalho foi a Fonte da Saudade. Em
seguida, associações de outros
bairros se juntaram ao protesto. A organização do movimento ainda não tem a dimensão do
"boicote".
O alvo é um imposto cuja arrecadação representou, no ano
passado, 11,4% da receita da
prefeitura. Os pagamentos até
outubro significam 92,9% da
arrecadação do imposto.
"Todo ano eleitoral ele enche
a cidade de obra: asfalta rua,
pinta poste. Nos outros três
anos ele a abandona", afirmou
o presidente da Associação de
Pequenos Prédios do Leblon e
Ipanema, Augusto Boisson.
O nome comprido da associação de Boisson revela também a divisão nas zonas sul e
norte em relação ao boicote.
Apenas no Leblon -bairro com
cerca de 46 mil moradores, de
acordo com dados do Instituto
Pereira Passos- há quatro associações de moradores. Três
aderiram ao boicote e uma é
contra. Todas afirmam representar cerca de 5.200 pessoas.
"O movimento é válido quando apresenta solução para as
coisas. Este protesto acabou se
politizando partidariamente",
diz Evelyn Rosenzweig, presidente da Associação dos Moradores do Alto Leblon, que não
aderiu ao protesto. Ela foi funcionária da prefeitura há 12
anos (durante a primeira administração Maia).
Os manifestantes não classificam o movimento como desobediência civil. "É um ato de cidadania. Não somos desobedientes. Somos cidadãos de primeira categoria. Desobediente
é quem não cumpre a lei", diz
Ana Simas, presidente da associação da Fonte da Saudade, região onde nasceu o protesto.
Preocupações
Enquanto se mobilizam, presidentes de algumas associações tentam desvincular os
protestos de vereadores e pré-candidatos à sucessão de Maia.
Passeata no domingo passado, ao menos cinco pré-candidatos à prefeitura compareceram: Jandira Feghalli (PC do
B), Chico Alencar (PSOL), Andréa Gouvêa Vieira (PSDB),
Alessandro Molon (PT) e Alfredo Sirkis (PV). Eles não puderam discursar ao microfone.
A adesão de associações da
zona norte -Vila Isabel, Grajaú, Catumbi, Méier, entorno
do estádio João Havelange, o
Engenhão, e São Cristóvão-,
bairros de classe média baixa, é
o argumento dos manifestantes para rechaçar a classificação do protesto como "elitista".
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