São Paulo, sábado, 26 de fevereiro de 2000


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Blocos de SP recebem 5% da verba oficial para Carnaval

MARIANA VIVEIROS
da Reportagem Local

O carnaval de rua de São Paulo recebeu apenas 4,66% de toda a verba destinada pela prefeitura para o evento deste ano. O valor representa R$ 605 mil dos R$ 13 milhões investidos, de acordo com o Anhembi (que coordena o carnaval na cidade).
A falta de dinheiro e a crise não significam, no entanto, que as comemorações nas ruas estejam menos animadas. Bandas e blocos sobrevivem e continuam animando uma festa bem diferente do espetáculo do sambódromo.
A Abasp (Associação das Bandas Carnavalescas de São Paulo) reúne dez bandas, mas existem pelo menos outras dez que saem de forma independente. A festa começa antes do Carnaval e não é preciso pagar nada. Os dirigentes das bandas e blocos são unânimes em dizer que cada um contribui apenas com animação (veja roteiro das bandas no quadro acima).
O presidente da Abasp, Candinho Neto, considera-se um "membro da resistência". Segundo ele, a associação recebeu R$ 100 mil este ano, mas, mesmo assim, não deixou de organizar seu carnaval. Para Candinho, as bandas não podem acabar, porque são "típicas de São Paulo".
Candinho está no carnaval de rua da cidade há 19 anos e diz que pior que a falta de dinheiro é a "falta de respeito". Na opinião dele, a festa nas ruas é "desprezada".
O presidente do Anhembi, Américo Calandriello Júnior, afirma que está sempre disposto a receber todos que "ajudam a engrandecer o Carnaval" e, dentro do possível, atendê-los. Segundo a assessoria de imprensa, a distribuição das verbas é feita pelo Anhembi de acordo com a solicitação das entidades e após estudo realizado pela empresa.
Candinho atribui ao lobby das escolas de samba do Grupo Especial o pouco suporte da prefeitura ao carnaval de rua tradicional. "Há uma grande rede de televisão por trás do desfile. A mídia mostra o carnaval como sendo apenas escola de samba", diz.
A presidente da Uesp (União das Escolas de Samba Paulistanas), Edléia dos Santos, também não está satisfeita. Ela acha que as escolas maiores são privilegiadas. "'Para mim, carnaval é nos bairros", afirma.
Este ano, 78 entidades filiadas à Uesp -entre escolas de samba menores e blocos- se apresentam de domingo a terça-feira de Carnaval no sambódromo e nos bairros, onde ocorrem 13 eventos gratuitos. Para isso, a Uesp recebe do Anhembi R$ 2,6 milhões.
Para estar entre as 14 escolas de samba do Grupo Especial, as entidades precisam participar dos desfiles promovidos pela Uesp. Ganhar fama e aparecer na televisão são os objetivos da maioria, mas existem exceções.
Mesmo desfilando no sambódromo, o bloco "Chorões da Tia Gê" prefere estar longe dos holofotes. "A gente luta hoje para sair no bairro, onde temos o calor de 150 mil pessoas da comunidade", diz Osmar Augusto de Oliveira, da diretoria do bloco.



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