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Blocos de SP recebem 5% da verba oficial para Carnaval
MARIANA VIVEIROS
da Reportagem Local
O carnaval de rua de São Paulo
recebeu apenas 4,66% de toda a
verba destinada pela prefeitura
para o evento deste ano. O valor
representa R$ 605 mil dos R$ 13
milhões investidos, de acordo
com o Anhembi (que coordena o
carnaval na cidade).
A falta de dinheiro e a crise não
significam, no entanto, que as comemorações nas ruas estejam
menos animadas. Bandas e blocos sobrevivem e continuam animando uma festa bem diferente
do espetáculo do sambódromo.
A Abasp (Associação das Bandas Carnavalescas de São Paulo)
reúne dez bandas, mas existem
pelo menos outras dez que saem
de forma independente. A festa
começa antes do Carnaval e não é
preciso pagar nada. Os dirigentes
das bandas e blocos são unânimes
em dizer que cada um contribui
apenas com animação (veja roteiro das bandas no quadro acima).
O presidente da Abasp, Candinho Neto, considera-se um
"membro da resistência". Segundo ele, a associação recebeu R$
100 mil este ano, mas, mesmo assim, não deixou de organizar seu
carnaval. Para Candinho, as bandas não podem acabar, porque
são "típicas de São Paulo".
Candinho está no carnaval de
rua da cidade há 19 anos e diz que
pior que a falta de dinheiro é a
"falta de respeito". Na opinião dele, a festa nas ruas é "desprezada".
O presidente do Anhembi,
Américo Calandriello Júnior, afirma que está sempre disposto a receber todos que "ajudam a engrandecer o Carnaval" e, dentro
do possível, atendê-los. Segundo
a assessoria de imprensa, a distribuição das verbas é feita pelo
Anhembi de acordo com a solicitação das entidades e após estudo
realizado pela empresa.
Candinho atribui ao lobby das
escolas de samba do Grupo Especial o pouco suporte da prefeitura
ao carnaval de rua tradicional.
"Há uma grande rede de televisão
por trás do desfile. A mídia mostra o carnaval como sendo apenas
escola de samba", diz.
A presidente da Uesp (União
das Escolas de Samba Paulistanas), Edléia dos Santos, também
não está satisfeita. Ela acha que as
escolas maiores são privilegiadas.
"'Para mim, carnaval é nos bairros", afirma.
Este ano, 78 entidades filiadas à
Uesp -entre escolas de samba
menores e blocos- se apresentam de domingo a terça-feira de
Carnaval no sambódromo e nos
bairros, onde ocorrem 13 eventos
gratuitos. Para isso, a Uesp recebe
do Anhembi R$ 2,6 milhões.
Para estar entre as 14 escolas de
samba do Grupo Especial, as entidades precisam participar dos
desfiles promovidos pela Uesp.
Ganhar fama e aparecer na televisão são os objetivos da maioria,
mas existem exceções.
Mesmo desfilando no sambódromo, o bloco "Chorões da Tia
Gê" prefere estar longe dos holofotes. "A gente luta hoje para sair
no bairro, onde temos o calor de
150 mil pessoas da comunidade",
diz Osmar Augusto de Oliveira,
da diretoria do bloco.
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