LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As chuvas fortes que atingem o país desde o começo do ano também trouxeram boas notícias para a região Nordeste, que vem sendo uma das mais castigadas. Segundo relatório da ANA (Agência Nacional de Águas), o período chuvoso deverá garantir dois anos de abastecimento para as áreas atendidas pelos grandes reservatórios da região.
A pesquisa, referente ao período entre dezembro e o início deste mês, foi entregue ao grupo interministerial criado para acompanhar a evolução das chuvas nas áreas de risco. No país, mais de 97 mil pessoas foram desabrigadas e 134 mil desalojados (que estão em casas de parentes, não em abrigos públicos) desde dezembro, quando foi iniciado o período das chuvas. Cerca de 8.000 casas foram destruídas e 41 mil danificadas.
Os reservatórios estão chegando à sua capacidade total, como o de Orós (450 km de Fortaleza) que não enchia havia 15 anos. Ele, que possui 350 km2, represa o rio Jaguaribe, uma das mais importantes bacias hidrográficas da região. O reservatório é responsável pela irrigação do médio e baixo Jaguaribe. Em Fortaleza, foi registrada a maior chuva diária no período desde 1910, quando a medição começou a ser feita.
O relatório, no entanto, aponta preocupação em relação aos reservatórios menores e isolados, pois já atingiram os seus níveis máximos e não têm mais condições de controlar a vazão de água, o que pode gerar inundações.
Na Paraíba, os reservatórios Epitácio Pessoa e Acauã estão transbordando, provocando transtornos rio abaixo.
O documento ressalta especial atenção para os rios Araguaia e Tocantins, que apresentavam vazão alta em Tucuruí (350 km de Belém). Os técnicos recomendam estado de alerta na região.
O relatório alerta para as áreas metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro, pois as chuvas que atingem as regiões não estão alimentando os reservatórios que abastecem as cidades, como o do sistema Cantareira que atende 48% da população paulistana.
O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, anunciou neste mês a liberação de R$ 339 milhões para o combate aos prejuízos causados pelas chuvas -R$ 88 milhões para a recuperação de rodovias; R$ 90 milhões para os 17 Estados mais atingidos; R$ 61 milhões para a recuperação e a reconstrução de casas; e R$ 100 milhões para as obras incluídas no Orçamento por emendas de parlamentares. Ciro também está negociando com o Ministério da Educação a recuperação de 757 escolas que foram danificadas ou destruídas pelas enchentes.


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