São Paulo, quinta-feira, 26 de fevereiro de 2004

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CARNAVAL

Enredo campeão falava da Amazônia; Unidos da Tijuca desbanca Mangueira do 2º posto; São Clemente foi rebaixada

No Rio, Beija-Flor leva o bicampeonato

TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO

Apesar de não ter sido considerada favorita, a Beija-Flor conquistou ontem o bicampeonato do Carnaval carioca. A Unidos da Tijuca surpreendeu e comemorou o segundo lugar como se fosse a campeã. Depois vieram Mangueira, Viradouro, Imperatriz Leopoldinense e Salgueiro, que voltam ao sambódromo no desfile das campeãs, no sábado.
A São Clemente, que subiu para o Grupo Especial em 2002, ficou em último e foi rebaixada.
Com o enredo "Manôa-Manaus-Amazônia Terra Santa... Que Alimenta o Corpo, Equilibra a Alma e Transmite a Paz", a agremiação de Nilópolis (Baixada Fluminense) desfilou sob chuva intensa, o que fez com que o carro "Teatro Amazonas" ficasse parcialmente destruído.
"A gente perdeu pontos no que deveria [cinco décimos no quesito alegoria e adereços]. Hoje o campeão é aquele que menos erra. Errar, na verdade, é normal", disse o presidente de honra da escola, Aniz Abrãao David.
A comemoração, na quadra da Beija-Flor, começou antes da última nota dez. Foram compradas 6.000 caixas de cerveja.
O presidente da Unidos da Tijuca, Fernando Horta, comemorou o vice-campeonato. "Ninguém contava com a nossa colocação. Mas Carnaval acontece na hora. Quando acabamos de desfilar, eu sabia que estávamos brigando pelo título", disse.
O segredo, segundo ele, foi "ser diferente". "Tem que ter criatividade, o que o [carnavalesco] Paulo Barros tem de sobra. Se eu vier igual às outras, eu não ganho. Apesar de sermos a terceira escola mais antiga do Brasil, nossa bandeira não tem o peso de outras."
Com o enredo "O sonho da Criação e a Criação do Sonho: a Arte da Ciência no Tempo do Impossível", a escola da Tijuca levou carros diferenciados para o desfile, como o que trazia 127 pessoas que formavam uma pirâmide humana, representando o DNA. A ousadia foi vista em toda a passarela do samba, até o último carro: um disco voador feito com 15 mil garrafas azuis de água mineral.
Intérprete da Mangueira, Jamelão disse que sua escola "foi garfada". Empatou com a Unidos da Tijuca (387,9 pontos). No desempate, no quesito evolução, a Mangueira ficou em terceiro lugar.
A Viradouro foi a única das quatro escolas que reeditaram sambas antigos a ficar entre as cinco primeiras. E, por ironia, também foi a única delas que perdeu pontos no quesito samba enredo -a escola apresentou "Pediu pra Pará, Parou. Com a Viradouro Eu Vou pro Círio de Nazaré", enredo de 1975 da Unidos de São Carlos (hoje Estácio de Sá).
A comissão de frente da Viradouro, que foi coreografada por Deborah Colker e emocionou o público ao simular uma procissão, não teve a aprovação unânime dos jurados: perdeu um décimo, o que provocou protestos dos diretores da escola.
No Grupo de Acesso, a escola Unidos de Vila Isabel venceu e, no ano que vem, desfila no Grupo Especial do Carnaval do Rio.


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