São Paulo, quinta, 26 de fevereiro de 1998

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AS CAMPEÃS
Viradouro, que saiu aclamada da avenida e teve o samba cantado pelo público, ficou apenas em 5º lugar
Mangueira e Beija-Flor vencem no Rio

Patrícia Santos/Folha Imagem
Torcida da Mangueira comemora a vitória da escola, ontem, no Sambódromo do Rio


e do enviado especial

Em uma apuração sem as tradicionais brigas e acusações de favorecimento, Mangueira e Beija-Flor foram eleitas ontem campeãs do Grupo Especial do Carnaval do Rio. As duas escolas atingiram a pontuação máxima: 270 pontos.
A Viradouro, de Niterói, que era considerada a principal favorita, ficou em quinto lugar e seu vice-presidente, Ito Machado, disse que não achou justa a classificação da escola.
Após o resultado, os presidentes das duas campeãs, Farid Abraão David (Beija-Flor) e Elmo dos Santos (Mangueira), se abraçaram, comemorando. Fazia mais de uma década que as duas escolas não conquistavam títulos: a Mangueira havia vencido pela última vez em 87 e, a Beija-Flor, em 83.
Abraão dedicou o título ao seu irmão, Aniz Abraão David, o Anísio, banqueiro do jogo de bicho que ficou preso por quase três anos por formação de quadrilha. Anísio não foi ao sambódromo, onde ocorreu a apuração.
Farid também ofereceu o título a Joãosinho Trinta, ex-carnavalesco da escola e hoje na Viradouro. "Devemos muito a ele", disse.
Na arquibancada, a Beija-Flor tinha pouco mais de 20 torcedores, contra 250 mangueirenses.
A festa na quadra da Mangueira, que comemora 70 anos em 98, começou assim que terminou a apuração.
Dona Zica, viúva do compositor mangueirense Cartola e símbolo da escola, abraçou-se por meia hora a um busto do marido. Às 18h30, havia mais de 5.000 pessoas na quadra e 3.000 do lado de fora.
Para o puxador Jamelão, o compositor Chico Buarque, tema do enredo campeão, deu sorte. "O Chico é pé-quente. Ele trouxe muita categoria e emoção."
"Vou ler as justificativas dos jurados. De repente eles me mostram alguma coisa que eu não vi e me convencem que eu merecia perder o meio ponto que perdi em samba-enredo", disse Wagner Araújo, presidente da Imperatriz.
Ito Machado, vice-presidente da Viradouro, disse que não gostou das notas de bateria e comissão de frente. Mas, apesar disso, a escola está "permanentemente feliz", segundo Machado.



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