São Paulo, quinta, 26 de fevereiro de 1998

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Emoção não foi o que contou

MÁRIO MOREIRA
da Sucursal do Rio

As duas escolas campeãs do Carnaval carioca apostaram em trunfos opostos para chegar ao título: a Mangueira, no carisma; a Beija-Flor, na falta dele.
Logo após o Carnaval passado, a diretoria mangueirense anunciou que o enredo para este ano seria Chico Buarque. Desde então, a Mangueira -normalmente a escola mais badalada- concentrou as atenções para a homenagem.
A Beija-Flor, inversamente, adotou o "low profile". Em vez de escolher um carnavalesco de peso para substituir Milton Cunha, que foi para a União da Ilha, apostou numa comissão de oito jovens desconhecidos para desenvolver um enredo comum, sobre o folclore marajoara. A idéia era "despersonalizar" a escola.
Pelo resultado final, não dá para dizer que a emoção causada por Chico Buarque tenha sido decisiva -embora as lágrimas possam ter embaçado a vista do júri, a ponto de dar nota máxima para as alegorias mangueirenses.
Se a emoção fosse o elemento preponderante, jamais a Beija-Flor chegaria ao campeonato. A escola fez um desfile apenas correto. Ninguém se levantou para cantar seu samba, muito menos para gritar "É campeã!".
Viradouro e Grande Rio, as outras duas escolas que, além da Mangueira, empolgaram o Sambódromo, acabaram injustiçadas.
Favorita por seu desfile bonito e empolgante, a Viradouro recebeu notas incompreensíveis. Os jurados tiraram 2,5 pontos do samba-enredo, o mais cantado.



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