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Emoção não foi o que contou
MÁRIO MOREIRA
da Sucursal do Rio
As duas escolas campeãs do Carnaval carioca apostaram em trunfos opostos para chegar ao título: a
Mangueira, no carisma; a Beija-Flor, na falta dele.
Logo após o Carnaval passado, a
diretoria mangueirense anunciou
que o enredo para este ano seria
Chico Buarque. Desde então, a
Mangueira -normalmente a escola mais badalada- concentrou
as atenções para a homenagem.
A Beija-Flor, inversamente, adotou o "low profile". Em vez de escolher um carnavalesco de peso
para substituir Milton Cunha, que
foi para a União da Ilha, apostou
numa comissão de oito jovens
desconhecidos para desenvolver
um enredo comum, sobre o folclore marajoara. A idéia era "despersonalizar" a escola.
Pelo resultado final, não dá para
dizer que a emoção causada por
Chico Buarque tenha sido decisiva
-embora as lágrimas possam ter
embaçado a vista do júri, a ponto
de dar nota máxima para as alegorias mangueirenses.
Se a emoção fosse o elemento
preponderante, jamais a Beija-Flor chegaria ao campeonato. A
escola fez um desfile apenas correto. Ninguém se levantou para cantar seu samba, muito menos para
gritar "É campeã!".
Viradouro e Grande Rio, as outras duas escolas que, além da
Mangueira, empolgaram o Sambódromo, acabaram injustiçadas.
Favorita por seu desfile bonito e
empolgante, a Viradouro recebeu
notas incompreensíveis. Os jurados tiraram 2,5 pontos do samba-enredo, o mais cantado.
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