São Paulo, terça-feira, 26 de março de 2002

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Pesquisa quantifica crimes nas escolas

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em pelo menos 14 capitais do país, escolas públicas e privadas deixaram de ser refúgio da violência urbana para abrigar agressões verbais, físicas e sexuais.
Nessas cidades, de 2% a 7% dos alunos têm ou já tiveram arma de fogo. De 5% a 14% sabem onde comprar arma; desses, a maioria diz que a arma é facilmente obtida perto da escola e usada para fins violentos na própria instituição.
Esse é um dos resultados de estudo da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) sobre violência na escola.
Foram quase 47 mil respostas de alunos, pais, professores e funcionários de 239 escolas públicas e 101 escolas privadas.
A ocorrência de tiros na escola foi a mais relatada por alunos da rede pública. Em São Paulo, 37% dos alunos disseram que já houve tiros dentro ou perto da escola. Nas escolas privadas, o número cai para 12%.
Mas esse padrão não se repete em todas as capitais. No Rio de Janeiro, 16% dos jovens da rede particular e 13% da rede pública relataram a ocorrência de tiros. Em Goiânia, Manaus e Fortaleza, os índices são quase iguais.
"O temor é tanto que as aulas são paradas para chamar a polícia porque um aluno está brincando com uma arma de brinquedo", disse Miriam Abramovay, coordenadora do estudo.
O estupro e a violência sexual também integram o ambiente escolar. Em São Paulo e em Manaus, 11% dos alunos disseram saber que esse tipo de violência ocorreu na escola ou perto dela. Em Cuiabá, esse índice é de 12%.
A pesquisa também abordou o "efeito colateral" da violência na escola. De 41% a 52% dos alunos disseram não conseguir se concentrar no estudo. Pelo menos 28% disseram ficar "nervosos" e "revoltados"; 27% afirmaram perder a vontade de ir à escola. Muitos disseram que a violência piora a qualidade da aula e deixa o ambiente pesado.


As 14 capitais são: Brasília, Goiânia, Cuiabá, Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Maceió, Salvador, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Florianópolis e Porto Alegre.


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