São Paulo, terça-feira, 26 de março de 2002

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PRESÍDIOS

Corregedoria anunciou fiscalização extraordinária em Taubaté, paralelamente à sindicância que investiga falhas

Casa de Custódia terá segurança reavaliada

ALESSANDRO SILVA E
GABRIELA ATHIAS

DA REPORTAGEM LOCAL

A Casa de Custódia de Taubaté (130 km de SP) será fiscalizada nos próximos dias pela Corregedoria Administrativa dos Presídios por causa de denúncias de falhas em sua segurança. A unidade abriga líderes das facções PCC (Primeiro Comando da Capital) e CRBC (Comando Revolucionário Brasileiro da Criminalidade).
A correição extraordinária foi anunciada ontem pelo corregedor Clayton Alfredo Nunes. A medida é considerada preventiva e corretiva, porque há outras três unidades desse tipo no Estado.
A corregedoria irá avaliar os procedimentos de trabalho, o comportamento dos agentes e o recebimento de ligações externas.
A inspeção, que deve acontecer até a próxima semana, é resultado de reportagens publicadas pela Folha. O jornal mostrou que na "gaiola" (espécie de cela forte, onde detentos não entram) do Anexo de Taubaté -considerado o presídio mais seguro de São Paulo- foi encontrada uma lista contendo nomes e telefones de pessoas supostamente ligadas a facções criminosas. No mesmo local funcionou, de forma irregular, uma linha telefônica.
Segundo Nunes, os ramais não deveriam receber transferências de chamadas externas. O diretor do presídio, Ismael Pedrosa, no entanto, disse na última sexta-feira que a linha da "gaiola" não faz ligações externas, mas pode recebê-las, transferidas pelo PABX.
Outra falha de procedimento foi não ter entregue a lista à polícia. "O correto seria ter enviado a lista a quem de direito", diz. Há uma portaria determinando isso.
Pedrosa e o coordenador dos presídios no Vale do Paraíba, Carlos Alberto Corade, negaram que a lista tivesse sido encontrada na "gaiola". Disseram que era a agenda pessoal de um preso, por isso não a enviaram à polícia.
As investigações da polícia paulista contra as facções estão centradas hoje no rastreamento de ligações, por meio das quais os criminosos planejam suas ações.
Ontem, o deputado Wagner Lino (PT), um dos relatores da CPI dos Presídios, na Assembléia Legislativa, disse que a comissão irá propor a publicação trimestral em ""Diário Oficial" dos crimes ocorridos em cadeias do Estado.
A medida, segundo ele, deve facilitar o acompanhamento do que ocorre nas prisões, incluindo a colaboração entre funcionários e criminosos, e o assassinato dos presos que denunciam esses esquemas, como os dois casos denunciados anteontem pela Folha.



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