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LIXO
Agência de Pinheiros vê o encerramento como única saída para o mau cheiro que incomoda moradores da zona oeste
Cetesb quer fechar usina na Vila Leopoldina
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Cetesb vai tentar dar um capítulo final à novela da usina de
compostagem de lixo da Vila Leopoldina (zona oeste de SP). Em
documento encaminhado à diretoria da agência ambiental do governo paulista, a gerência do órgão em Pinheiros (que engloba a
Vila Leopoldina) recomendou o
fechamento da usina como única
saída para o fim do mau cheiro
que incomoda vizinhos do local.
Caso a indicação seja aceita, a
Cetesb tem o poder de ordenar o
encerramento à prefeitura que,
para voltar a fazer o equipamento
funcionar, terá de recorrer à Justiça. A decisão final não deve demorar a sair. O parecer foi enviado ao departamento jurídico da
agência segunda-feira, onde as
justificativas técnicas são avaliadas para evitar questionamentos.
Entre 24 de novembro e 21 de
dezembro, a Cetesb realizou, na
região em torno da usina, uma
pesquisa de percepção e concluiu
que moradores num raio de 1 km
do local ainda se incomodavam
com o mau cheiro do processo de
compostagem, mesmo depois
que a prefeitura, a pedido da Promotoria de Meio Ambiente da
Capital, implantou uma série de
medidas para tentar neutralizá-lo.
Aliando isso às reclamações
-elas explodiram em 2003 e,
neste ano, foram 44 só até o fim de
fevereiro- e a visitas feitas aos
arredores da usina, a gerência de
Pinheiros sugeriu o fechamento.
Os problemas da Vila Leopoldina se arrastam desde o início dos
anos 90, mas a posição oficial da
Cetesb sempre foi a de evitar o fechamento por causa do ganho
ambiental da compostagem. Por
isso a agência exigiu diversas
ações para minimizar o mau cheiro ao longo dos últimos anos.
Mas a avaliação do gerente da
agência, Antonio Rivas, é que as
medidas mitigadoras não foram
suficientes para melhorar o problema e que, a partir de agora,
ações eficazes certamente não teriam um bom custo-benefício.
"É claro que, se a prefeitura se
dispuser a colocar uma redoma
na usina, canalizar, tratar ou queimar todos os gases nela gerados,
não precisa fechar. Mas isso sairia
caro e duvido que seja viável."
Procurado pela Folha, o Limpurb informou que não se manifestaria sobre a recomendação da
agência de Pinheiros por não ter
sido oficialmente informado dela.
Perfil
Rivas diz que o mau cheiro é
inerente à compostagem e que o
problema na Vila Leopoldina foi a
mudança no perfil da região.
Inicialmente industrial, ela vive
um boom imobiliário (12 novos
empreendimentos foram lançados entre meados de 2001 e de
2003) e teve o maior crescimento
de renda da capital na última década. Tudo isso é incompatível
com a permanência da usina, mas
o equipamento tem problemas
que agravam os prejuízos.
Ele recebe cerca de 700 t diárias
de lixo e poderia compostar até
400 t por dia. Além disso, a venda
média do pré-composto não chegou a 300 t diárias até outubro de
2003, segundo o Limpurb (Departamento de Limpeza Urbana).
Resultado: o que sobra fica armazenado, piorando o mau cheiro.
Segundo Rivas, o documento da
Cetesb foi mandado também ao
Ministério Público, mas o promotor Geraldo Rangel, que acompanha o caso, diz não ter recebido.
"Se continuar a expansão imobiliária [na região] e ficar demonstrado que as medidas não estão
surtindo efeito, não há alternativa
senão o fechamento", afirma.
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