|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BARBARA GANCIA
Carranca de Lula não mente
Um bom termômetro para se
saber a quantas anda o clima em Brasília atualmente é a
aparência do presidente da República. Nunca uma fisionomia revelou tanto sobre o que se passa
nas internas do Palácio do Planalto como agora.
Nos tempos de Sarney, por mais
que a inflação teimasse em subir,
a expressão no rosto do presidente raramente sofria qualquer alteração. Pode-se dizer o mesmo sobre Fernando Henrique. Até na
morte de seu mais importante
colaborador, o ministro Sérgio
Motta, a única mudança que se
viu no semblante do presidente
foi um leve escurecimento das
pálpebras, mas nada que chegasse perto, digamos, do tom fundo
de poço das olheiras exibidas por
seu ministro da Saúde.
A fisionomia de Itamar Franco
podia até sofrer transformações
profundas de um dia para o outro. Mas ninguém dava muita
atenção. Depois de alguns poucos
meses sob o reinado do pão de
queijo, nós logo aprendemos que
qualquer mudança na aparência
do mineiro Itamar podia tanto
ter sido causada pela ausência de
uma peça de roupa íntima em
uma foto quanto pela quebra, no
mesmo dia, das safras anuais de
soja, de açúcar e de laranja.
Já com Fernando Collor a história era outra. Sua aparência sempre traiu toda e qualquer intenção de disfarçar uma noite mal
dormida ou uma briga familiar.
A boca enrijecida, o cabelo domado por uma dose extra de brilhantina, os músculos da mandíbula
retesados: eram vários os sinais
indicando quando as coisas não
andavam bem com o presidente.
Assim é também com Lula. O
abatimento dos últimos dias, as
olheiras, a palidez, o cabelo todo
fora do lugar, a fronte mais engruvinhada (se é que isso é possível) que o habitual... São inúmeros os sinais de que Lula não está
tratando apenas de exorcizar os
resquícios de alguma madrugada
passada assistindo ao DVD do
show acústico do Zeca Pagodinho
na companhia do cantor.
Pessoas próximas ao presidente
afirmam que o clima em Brasília
é de "velório". E, por mais que o
ministro José Dirceu insista em
nos tratar como se fôssemos aqueles três macaquinhos de louça
-um que não ouve, outro que
não vê e o terceiro que não fala-,
a expressão do presidente diz
mais do que as conclusões de uma
sindicância caseira qualquer.
A carranca de Lula não mente.
Ela nos diz que os ataques a esmo
e as recentes frases de efeito do
ministro José Dirceu só podem estar tentando esconder alguma
coisa bem cabeluda.
QUALQUER NOTA
Ecológica à beça
Em vez de promover a castração de animais de rua, Fernando de Noronha optou pela via
simplista e está expatriando
seus cães abandonados. Banidos para Recife, os animais
-pode apostar- terão um
triste fim. Enquanto isso, a rede
hoteleira da ilha se gaba de investir na proteção de golfinhos
e tartarugas.
Fora, Halloween!
Para impedir o que a autora
chamou de "avanço da indústria predatória norte-americana", a prefeitura sancionou lei
da vereadora Tita Dias (PT),
transformando o 31 de outubro
no Dia do Saci. Susto por susto,
ao menos a turma economiza
em dentista.
E-mail - barbara@uol.com.br
Site - www.uol.com.br/barbaragancia
Texto Anterior: Pré-composto é contra-indicado Próximo Texto: Qualidade das praias: No litoral de SP, dobra número de locais impróprios para banho Índice
|