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SAÚDE
Estudo indica que profissionais deixam grandes centros; maioria dos entrevistados também está descontente com SUS
Médicos descobrem interior, diz pesquisa
AMARÍLIS LAGE
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
Os médicos estão descobrindo o
interior do país. Embora 62,1%
ainda more nas capitais -onde
residem apenas 23,8% da população brasileira-, o número de
médicos em cidades do interior
passou de 34,1% em 1996 para
37,9% em 2002.
Os dados são da maior pesquisa
já feita sobre médicos no país, em
2002, e foram divulgadas ontem
pelo CFM (Conselho Federal de
Medicina). Foram entrevistados
14.405 médicos, por meio de
questionários na internet.
Para Mauro Brandão, conselheiro da entidade e coordenador
da pesquisa, médicos com mais
de 40 anos "fogem" de grandes
centros em busca de uma melhor
qualidade de vida.
Segundo a pesquisa, a maioria
dos médicos que opta por viver
em cidades do interior tem entre
45 e 49 anos de idade (41,2%).
O processo, porém, é quase inexistente em Estados como Acre,
Amapá, Roraima e Sergipe, onde
a concentração de médicos nas
capitais chega a quase 100%.
A migração não ocorre só entre
capital e interior -31,5% dos médicos estão mudando de Estado.
O principal destino é o Tocantins,
onde 91,5% dos médicos são procedentes de outros Estados.
Se os dados podem indicar a
chegada de médicos a regiões esquecidas, a qualidade do atendimento deixa a desejar em todo o
país. Para 49,4% dos entrevistados, a situação dos atendimentos
às urgências e emergências na região em que atuam são pouco ou
nada adequadas. As condições de
saúde da população têm a mesma
avaliação de 46,2% dos médicos.
A implantação do SUS (Sistema
Único de Saúde) gerou mais efeitos negativos do que positivos para a maioria dos entrevistados.
Os médicos apontaram piora
nas condições de trabalho
(52,6%), em seus rendimentos
(52,4%), na qualidade (47,4%) e
na organização (40,7%) dos serviços oferecidos à população.
Dos seis aspectos abordados na
pesquisa em relação ao SUS, apenas a cobertura da assistência e o
emprego médico aumentaram
-na opinião de 50,7% e 44,% dos
entrevistados, respectivamente.
Para o presidente do CFM, Edson de Oliveira, os dados indicam
revolta com o governo -maior
empregador da categoria. "Somos
obrigados a trabalhar em um local
que remunera mal, sem material,
em um sistema que não garante
remédios para os pacientes."
Avaliada nos mesmos seis itens
que o SUS, o PSF (Programa Saúde da Família) recebeu avaliação
positiva em todos, exceto no que
mede mudanças nas condições de
trabalho. Para 54,2%, o programa
não trouxe melhoras.
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