São Paulo, sexta-feira, 26 de março de 2004

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Parceria internacional amplia a busca por doador de medula óssea

DA ENVIADA ESPECIAL AO RIO

O diretor-geral do Inca (Instituto Nacional do Câncer), José Gomes Temporão, anunciou ontem a ampliação do sistema de busca internacional por doadores de medula óssea.
Uma parceria com dois bancos norte-americanos de doadores -o National Marrow Donor Program (NMDP) e o Caitlin Raymond International Registry (Crir)- será formalizada no máximo dentro de três meses, segundo ele, mas o compartilhamento de dados já começou.
Isso significa o acesso a 9,5 milhões de doadores voluntários de fora do país. O Redome (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea) dispõe atualmente de 56 mil doadores.
Temporão também anunciou um acordo de cooperação com o New York Blood Center, que possui cerca de 25 mil cordões umbilicais congelados.
A verba destinada à busca de doadores nacionais e internacionais também será ampliada, informou ele. De R$ 2,4 milhões no ano passado passará para R$ 24 milhões neste ano. Essa verba, segundo Temporão, virá do redirecionamento de gastos dentro do Ministério da Saúde.
O Inca já dispunha de um convênio com o Crir, que concentra 87 registros mundiais e 4,5 milhões de doadores. No contrato, as principais diferenças deverão ser a desburocratização do financiamento da busca e o acesso do Crir aos doadores do Redome, numa via de mão-dupla.
Os valores a serem cobrados por cada instituição ainda serão discutidos, disse Temporão.
O Redome será reestruturado. Entre as mudanças, está previsto o acesso dos médicos, pela internet, à situação de seus pacientes na fila de doação. "Isso vai tornar o processo mais transparente", afirmou Temporão.

Denúncias
Recentemente o Inca foi alvo de denúncias de que políticos exercem pressão para beneficiar pacientes na fila por transplante.
As denúncias partiram de Daniel Tabak, ex-diretor do Centro de Transplantes de Medula Óssea, quando ele pediu demissão do cargo no início do ano. O centro é ligado ao Inca.
Na ocasião, Tabak chega a citar pressões que teriam sido feitas por deputados e até pelo vice-presidente da República, José Alencar, que negou.
Uma sindicância aberta pelo Ministério da Saúde após as denúncias apontou a existência de tratamento diferenciado a paciente, mas não esclareceu se a pressão partiu ou não de políticos.
A mesma apuração detectou problemas na autorização dada a um hospital para realizar transplante de medula óssea.
Com base nas investigações, o ministro da Saúde, Humberto Costa, decidiu afastar dois funcionários: Diogo Mendes, coordenador do Sistema Nacional de Transplantes, e Iracema Salatiel, coordenadora do Redome (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea), que era subordinada a Tabak.


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