São Paulo, sexta-feira, 26 de março de 2004

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CIDADANIA

Além de ministra de Moçambique, no grupo estavam representantes de governos e instituições; hotel nega discriminação

Mulheres acusam restaurante de racismo

LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um grupo de seis mulheres negras representantes de governos e instituições do Brasil e do exterior alegam que foram vítimas de racismo quando jantavam em um restaurante, anteontem à noite, em Brasília. Todas participavam de um seminário na cidade.
No grupo estava a ministra da Mulher de Moçambique, Virgilia dos Santos Matabele, mas seu nome não consta no boletim de ocorrência registrado no 1º DP.
O grupo comemorava o fim do "Seminário América do Sul e África-Brasil 2004", que discutiu acordos e compromissos da igualdade racial entre os países dos continentes.
Segundo a secretária de Estado da Mulher de Alagoas, Vanda Menezes, para celebrar o término do encontro e ter a chance de conversar com a ministra moçambicana, o grupo foi jantar no restaurante Belle Époque, do hotel Nacional. Uma das representantes da Seppir (Secretaria de Promoção da Igualdade Racial), diz Menezes, informou ao maître como seriam divididas as despesas.
No entanto, o que aconteceu durante o jantar, afirma ela, foi o constante questionamento dos garçons e do maître sobre quem iria pagar a conta. Para elas, os funcionários desconfiavam que, por serem negras, não teriam condições de pagar a fatura.
"Não conseguíamos nem sequer conversar com a ministra. Os garçons constantemente nos perguntavam quem iria pagar. Nos sentimos discriminadas."
Segundo Mauro Jucá de Queiroz, diretor-geral do hotel, questionar quem irá pagar um pedido é um procedimento normal, pois agiliza o fechamento da conta.
"Havia três pessoas hospedadas no hotel e outras quatro que não eram hóspedes. Para não haver confusão, os funcionários questionavam para quem deveria ser registrado o pedido", disse. O próprio hotel sediou na segunda o coquetel de abertura do evento.
Por se sentirem ofendidas, diz a secretária, elas pediram para chamar o gerente. O garçom informou que ele não estava presente. O grupo seguiu para a portaria e solicitou novamente o gerente. Depois de uma discussão, afirma, apareceram o gerente e o diretor-geral. Mas, para elas, já era tarde.
"Sobre sentimentos das pessoas e como elas se sentiram, eu não posso interferir. Mas, por sermos uma empresa jurídica, que não tem raça, por termos funcionários negros e por recebermos gente de todo o mundo, não podemos ser racistas. Não somos racistas", afirmou Queiroz.


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