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CIDADANIA
Além de ministra de Moçambique, no grupo estavam representantes de governos e instituições; hotel nega discriminação
Mulheres acusam restaurante de racismo
LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um grupo de seis mulheres negras representantes de governos e
instituições do Brasil e do exterior
alegam que foram vítimas de racismo quando jantavam em um
restaurante, anteontem à noite,
em Brasília. Todas participavam
de um seminário na cidade.
No grupo estava a ministra da
Mulher de Moçambique, Virgilia
dos Santos Matabele, mas seu nome não consta no boletim de
ocorrência registrado no 1º DP.
O grupo comemorava o fim do
"Seminário América do Sul e
África-Brasil 2004", que discutiu
acordos e compromissos da
igualdade racial entre os países
dos continentes.
Segundo a secretária de Estado
da Mulher de Alagoas, Vanda Menezes, para celebrar o término do
encontro e ter a chance de conversar com a ministra moçambicana,
o grupo foi jantar no restaurante
Belle Époque, do hotel Nacional.
Uma das representantes da Seppir (Secretaria de Promoção da
Igualdade Racial), diz Menezes,
informou ao maître como seriam
divididas as despesas.
No entanto, o que aconteceu
durante o jantar, afirma ela, foi o
constante questionamento dos
garçons e do maître sobre quem
iria pagar a conta. Para elas, os
funcionários desconfiavam que,
por serem negras, não teriam
condições de pagar a fatura.
"Não conseguíamos nem sequer conversar com a ministra.
Os garçons constantemente nos
perguntavam quem iria pagar.
Nos sentimos discriminadas."
Segundo Mauro Jucá de Queiroz, diretor-geral do hotel, questionar quem irá pagar um pedido
é um procedimento normal, pois
agiliza o fechamento da conta.
"Havia três pessoas hospedadas
no hotel e outras quatro que não
eram hóspedes. Para não haver
confusão, os funcionários questionavam para quem deveria ser
registrado o pedido", disse. O
próprio hotel sediou na segunda o
coquetel de abertura do evento.
Por se sentirem ofendidas, diz a
secretária, elas pediram para chamar o gerente. O garçom informou que ele não estava presente.
O grupo seguiu para a portaria e
solicitou novamente o gerente.
Depois de uma discussão, afirma,
apareceram o gerente e o diretor-geral. Mas, para elas, já era tarde.
"Sobre sentimentos das pessoas
e como elas se sentiram, eu não
posso interferir. Mas, por sermos
uma empresa jurídica, que não
tem raça, por termos funcionários
negros e por recebermos gente de
todo o mundo, não podemos ser
racistas. Não somos racistas",
afirmou Queiroz.
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