São Paulo, Sexta-feira, 26 de Março de 1999
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Pitta ainda não definiu novo partido

GONZALO NAVARRETE
da Reportagem Local

O prefeito de São Paulo, Celso Pitta, anunciou oficialmente ontem a sua saída do PPB. Pitta afirmou que já recebeu convites de outros partidos, mas que ainda não definiu a legenda à qual pretende se filiar.
A decisão foi tomada depois do agravamento da crise com o presidente nacional do partido e padrinho político, Paulo Maluf, com o qual começou a ter divergências na campanha eleitoral para o governo do Estado, no ano passado.
Pitta deixou o partido dizendo que houve "uma certa ingratidão" do seu antecessor e que as últimas declarações feitas por Maluf tiveram peso definitivo na sua decisão.
Em entrevista publicada ontem no jornal "O Estado de S.Paulo", Maluf disse que "não tem nada a ver com a atual administração".
Questionado sobre a denúncia de propina que a empreiteira Enterpa admitiu pagar para a Regional da Penha, Maluf fez uma crítica à gestão do seu sucessor.
Usando dados de reportagem da Folha, Maluf comparou os mais de 200 autos de infração lavrados em seu último ano de governo contra os 6 registrados na gestão do ex-secretário Alfredo Mário Savelli, ex-homem forte de Pitta. O ex-prefeito sugeriu que fosse perguntada a Savelli a razão da diferença.
"Todos sabem que eu sempre tive uma posição leal ao ex-prefeito. Não compreendi o sentido daquelas afirmações", disse Pitta.
O prefeito também atribuiu sua saída à falta de apoio da executiva estadual do PPB. Pitta criticou a omissão do partido em relação às "críticas e acusações infundadas de seus próprios membros".

Eleição
Caso queira disputar a reeleição, o prefeito de São Paulo deverá se filiar a um novo partido até o início de outubro deste ano.
Pitta afirmou que a sua saída do PPB abre espaço para que Paulo Maluf se candidate à eleição municipal do ano 2000. O prefeito também confirmou que a saída do PPB poderá resultar em uma aproximação maior com o governador Mário Covas.
Pitta admitiu que estava distante do seu padrinho Paulo Maluf e disse que começou a pensar em deixar o partido no final do ano passado. Em dezembro, o prefeito fez a primeira crítica direta ao seu padrinho, dizendo que Maluf não havia dado "demonstração efetiva de lealdade durante a campanha".
Era uma referência à afirmação, feita por Maluf no horário eleitoral, de que Pitta havia começado muito mal na prefeitura. O distanciamento se tornou ainda maior depois que Pitta demitiu, no ano passado, dois dos principais colaboradores da gestão Maluf: Reynaldo de Barros (secretário de Vias Públicas e Serviços e Obras) e Edevaldo Alves da Silva (Governo).


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