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NARCOTRÁFICO
Traficante ficará em Brasília para prestar depoimento em inquérito aberto anteontem pela Polícia Federal
Beira-Mar fica em cela sozinho após cirurgia
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
O traficante Luiz Fernando da
Costa, o Fernandinho Beira-Mar,
33, que chegou ao Brasil ontem de
manhã, vai ficar sozinho em uma
cela na Polícia Federal em Brasília, após ser submetido a uma cirurgia no braço direito, ferido a tiros na Colômbia.
Ele passaria a noite no Hospital
das Forças Armadas, onde seria
operado por volta das 22h, de
acordo com o capitão-de-mar-e-guerra Edson Baltar, vice-diretor
do hospital. Após esse horário,
ninguém no hospital confirmou
se a operação já tinha iniciado.
De acordo com o hospital, o
próximo boletim médico só seria
divulgado hoje pela manhã.
Beira-Mar tem fraturas múltiplas, consideradas graves, no ombro e no polegar direitos.
Segundo boletim médico divulgado no início da noite, o braço
direito de Beira-Mar está paralisado. Baltar, que é cirurgião, disse
que a paralisia (impotência funcional) não deve ser definitiva. Ela
seria provocada pelas dores.
Na cirurgia, os médicos decidiriam se seria instalado um fixador
externo ou uma placa interna
com parafusos.
O dia
Beira-Mar chegou a Brasília em
um jato da FAB por volta das 9h
de ontem, escoltado por 15 policiais e sem colete a prova de balas.
Ele partira no início da madrugada de Bogotá. O avião fez escala
em Manaus. Em Brasília, foi levado diretamente para a Superintendência da Polícia Federal, em
uma operação que deslocou quatro carros e um helicóptero.
No local, ele foi examinado por
um clínico geral e um ortopedista
da PF. O traficante não quis falar
com a imprensa pela manhã.
Beira-Mar permaneceu em uma
sala. Segundo a assessoria da PF,
os presos das sete celas serão realocados para que ele fique sozinho
em uma cela de 12 m2.
À tarde, Beira-Mar recebeu a visita de três deputados, ex-integrantes da CPI do Narcotráfico,
que foram convidá-lo para prestar depoimento na Comissão de
Combate à Violência.
Anteontem, a Polícia Federal
abriu inquérito contra o traficante
sob a acusação de praticar associação criminosa para fins de tráfico internacional de drogas, contrabando de armas e munições e
operação de lavagem de dinheiro.
Ele deve permanecer em Brasília
após a cirurgia para prestar depoimento sobre esse inquérito.
Ele deverá ser ouvido pelo delegado-chefe da DRE (Divisão de
Prevenção e Repressão a Entorpecentes), Getúlio Bezerra.
Segundo a assessoria de imprensa da PF, o destino de Beira-Mar após o depoimento depende
de um acordo entre as Justiças do
Rio de Janeiro e de Minas Gerais.
Segundo deputados que estiveram com Beira-Mar, ele deu "pistas gerais" sobre o tráfico internacional de cocaína. Teria dito, de
acordo com o deputado Moroni
Torgan (PFL-CE), que "20 toneladas de cocaína passam pelo Brasil
com destino à Europa por mês".
Acima dessa quantia, as Farc
(Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) cobrariam um
pedágio de R$ 500 por quilo de
cocaína que deixava a Colômbia.
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