São Paulo, quinta-feira, 26 de abril de 2001

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Procuradoria deve receber denúncia

DA SUCURSAL DO RIO

O secretário da Segurança do Rio, Josias Quintal, anunciou que entregará hoje à Procuradoria Geral do Estado uma lista de políticos com mandato, empresários e policiais que estariam envolvidos com o narcotráfico, conforme relato do traficante Fernandinho Beira-Mar ouvido na Colômbia.
Promotores do Ministério Público avaliaram que pode ser criada uma comissão para investigar as denúncias.
O procedimento seria o mesmo adotado para investigar as denúncias do ex-coordenador de Segurança Pública Luiz Eduardo Soares contra a "banda podre" da polícia, no ano passado.
A investigação deu poucos resultados porque a comissão não tinha poder para quebrar os sigilos bancário e fiscal dos acusados.
Ontem, em Brasília, Beira-Mar negou a deputados federais que tenha fornecido lista com nomes de envolvidos com o narcotráfico, segundo o deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), presidente da Comissão de Direitos Humanos.
Quintal se negou a citar nomes da suposta lista, mas afirmou que esteve com Beira-Mar duas vezes na Colômbia. O primeiro encontro com o traficante foi no domingo na Base Aérea de Catán e o outro ocorreu na segunda na Fiscalía General de La Nacíon, em Bogotá.
Nas duas ocasiões, segundo Quintal, o traficante teria repetido denúncias contra políticos e policiais federais que fez na CPI do narcotráfico, mas teria citado novos nomes.

Testemunhas
Além do secretário da Segurança do Rio, teriam ouvido as acusações de Beira-Mar o delegado adjunto da DAS (Delegacia Anti-Sequestro), Fernando Moraes, e o assessor de gabinete do secretário, o major da Polícia Militar Rogério Seabra Martins.
Quintal se irritou ao ser questionado pelos jornalistas sobre as declarações dos adidos da Polícia Federal na Embaixada brasileira em Bogotá, que negaram a existência das denúncias.
"Não vou ficar batendo boca com autoridades menores. Estive com Fernandinho Beira-Mar duas vezes na Colômbia, conversamos amplamente e de forma reservada. Ele (Beira-Mar) citou os nomes de pessoas, empresas, autoridades, policiais, e me reservo o direito de não citar esses nomes porque se trata de um criminoso", afirmou Quintal.
Ele negou que a exoneração do ex-chefe de Polícia Civil do Rio Rafik Louzada e do inspetor de polícia Fernando Barbosa, na noite de terça-feira, tivessem ligação com as denúncias de Beira-Mar.

Local da pena
Quintal e os promotores do Ministério Público do Rio afirmaram que "Beira-Mar não pertence ao governo do Rio" e que não haverá "angústia" ou disputa com qualquer outro Estado pela custódia do traficante.
"O local para o cumprimento da pena depende do entendimento entre os juízes da Vara Criminal de Cabo Frio, no Rio de Janeiro, e da 12ª Vara Criminal de Belo Horizonte, que o condenaram", disse o coordenador da 3ª Central de Inquérito de Duque de Caxias, Márcio Nobre, que investiga Beira-Mar desde outubro de 1999.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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